Corria o ano de 1982. Eu gostava de caminhar ao léo pelo centro de Floripa, ainda relativamente nova para mim, em busca dos segredos que a velha Desterro escondia em suas entranhas históricas. Subir a Felipe Schmitt até a ponte Hercílio Luz, de onde se apreciava o esplendor do Cambirela e sua cadeia de montanhas, ao fundo da Baía Sul, logo acima dos prédios ainda baixos do centro de São José. Cruzar a ponte à pé e ir tomar cerveja ou almoçar uma feijoada no Tritão, em Coqueiros, hoje tristemente transformado em bar da terceira idade movida à viagra, sob o ilusório nome de "Trintão", ora veja! Interessava-me particularmente os museus e bares, talvez por alguma herança genética. Refiro-me ao segundo item.
Pois o Vitor Meirelles ficava exatamente na frente da Quibelândia, mistura de mineiro com turco, intelectual com viciado, gatas gostosíssimas com sapatões incríveis, enfim, tudo o que um rapaz de 30 anos quer da vida boêmia, além do impagável "quibe", claro, a seis reais a unidade, pudera! Mas, tinha o Chopp mais bem tirado do país, a preço convencional. Na Praça XV, a Confeitaria Chiquinho servia suas empadinhas de camarão e o Bar do Japonês fazia sua batida de limão adoçada com mel.
Ai, ai, ai, ... não dava pra juntar os dois? Não! O freguês tinha que comprar umas na Confeitaria e levá-las empacotadas no bolso para a bancada do Japonês, que não gostava nem um pouco daquela prática desleal, pois ele próprio servia um pratinho de pasteizinhos de camarão, que deixava o freguês vendo papagaio e gritando "Gol do Avaí !".
Pois o Vitor Meirelles ficava exatamente na frente da Quibelândia, mistura de mineiro com turco, intelectual com viciado, gatas gostosíssimas com sapatões incríveis, enfim, tudo o que um rapaz de 30 anos quer da vida boêmia, além do impagável "quibe", claro, a seis reais a unidade, pudera! Mas, tinha o Chopp mais bem tirado do país, a preço convencional. Na Praça XV, a Confeitaria Chiquinho servia suas empadinhas de camarão e o Bar do Japonês fazia sua batida de limão adoçada com mel.
Ai, ai, ai, ... não dava pra juntar os dois? Não! O freguês tinha que comprar umas na Confeitaria e levá-las empacotadas no bolso para a bancada do Japonês, que não gostava nem um pouco daquela prática desleal, pois ele próprio servia um pratinho de pasteizinhos de camarão, que deixava o freguês vendo papagaio e gritando "Gol do Avaí !".
E, se o distinto público olhasse para o alto da cozinha, onde se abria a única janela para o mundo externo, seria capaz de ver que a fantasia era real.
Pois bem, caminhava eu pela Vidal Ramos numa tarde de sexta feira, bem na frente do point das gatinhas, o antigo Bar Degrau, quando alguém bate no meu ombro e me diz: "Oi, companheiro !". Era o marido da futura senadora e ministra, querendo saber onde ficava a sede da ALISC. Eu tinha sido apresentado ao casal na casa de alguns amigos cristãos, que compartilhavam conosco a criação da escolinha Sarapiquá, então uma cooperativa de pais de crianças pequenas, a maioria comunista e ateu (os pais, quero dizer!)
O casal tinha recém chegado de Joinville, onde a esposa fora trabalhar como professora de matemática e ele atendia afazeres auxiliares em escritórios de contabilidade. A origem de ambos era a Grande São Paulo, onde atuaram como militantes dos movimentos de base da Igreja Católica, alinhados com os grupos que fundaram o PT. Por isso, eram amigos pessoais de Lula. Ela veio a Floripa para assumir um cargo de direção estadual na associação representativa dos professores de segundo grau da rede pública estadual, numa época em que os funcionários públicos não podiam se sindicalizar, razão pela qual optavam por criar "associações", que, a bem da verdade, eram sindicatos. Ali, na "associação" ALISC, nossa amiga fez carreira e chegou a eleger-se deputada estadual. O mandato não foi grande coisa e o mais certo é que não seria reeleita. Foi então que a sorte bafejou o casal, então já separado (uau! militantes católicos também se separam!). Perdido por perdido, ela resolveu sair para Senadora. Foi levada na Onda Vermelha de Lula!
Quase o PT faz os dois senadores naquele ano de 2002 e, não fosse uma fatídica semana a separá-los das eleições, faria também o governador, segundo admitiu o próprio Luiz Henrique (PMDB), igualmente beneficiário da "onda".
O casal tinha recém chegado de Joinville, onde a esposa fora trabalhar como professora de matemática e ele atendia afazeres auxiliares em escritórios de contabilidade. A origem de ambos era a Grande São Paulo, onde atuaram como militantes dos movimentos de base da Igreja Católica, alinhados com os grupos que fundaram o PT. Por isso, eram amigos pessoais de Lula. Ela veio a Floripa para assumir um cargo de direção estadual na associação representativa dos professores de segundo grau da rede pública estadual, numa época em que os funcionários públicos não podiam se sindicalizar, razão pela qual optavam por criar "associações", que, a bem da verdade, eram sindicatos. Ali, na "associação" ALISC, nossa amiga fez carreira e chegou a eleger-se deputada estadual. O mandato não foi grande coisa e o mais certo é que não seria reeleita. Foi então que a sorte bafejou o casal, então já separado (uau! militantes católicos também se separam!). Perdido por perdido, ela resolveu sair para Senadora. Foi levada na Onda Vermelha de Lula!
Quase o PT faz os dois senadores naquele ano de 2002 e, não fosse uma fatídica semana a separá-los das eleições, faria também o governador, segundo admitiu o próprio Luiz Henrique (PMDB), igualmente beneficiário da "onda".
Na liderança do governo Lula no senado, nossa amiga fez chover. Primeiro na sua horta pessoal. Depois, choveu a atual mulher de seu ex marido na superintendência estadual do INSS. Ciúmes? Isso é coisa para fracas de cabeça! Principalmente quando o assunto principal são negócios! Assim que foi possível, nomeou o próprio ex marido como presidente da Eletrosul, a maior estatal federal no sul do país, embora o pobre coitado não saiba a diferença entre uma tomada e um focinho de porco. Isso depois que ele já tinha falido o banco do estado, BESC, incorporado pela falida mãe de todos os banqueiros falidos, o Banco do Brasil. Não seria o caso de ter montado um simples escritório de contabilidade para o sortudo ex marido?
Agora, consta que dona Ideli vai colocar o ex prefeito Dário Berguer numa diretoria da Eletrosul, além de seu irmão Djalma, que perdeu a eleição em SãoJosé, num cargo importante do lucrativo setor que cuida de obras em estradas federais. Isso faria parte da sua estratégia regional de combater os Ramos-Bornhausen no comando da oligarquia local há mais de cem anos. Ocorre que a dupla de irmãos que ela tenta escalar para a importante missão civilizatória, acabam de largar as prefeituras de Floripa e São José na mais completa penúria financeira e moral. Que boa companhia em tão boa hora, dona ministra da articulação política ! Isso lembra minha avó, dizendo sobre os acordos políticos dos coronéis de sua época: "Por fora, bela viola! Por dentro, pão bolorento."
Agora, consta que dona Ideli vai colocar o ex prefeito Dário Berguer numa diretoria da Eletrosul, além de seu irmão Djalma, que perdeu a eleição em SãoJosé, num cargo importante do lucrativo setor que cuida de obras em estradas federais. Isso faria parte da sua estratégia regional de combater os Ramos-Bornhausen no comando da oligarquia local há mais de cem anos. Ocorre que a dupla de irmãos que ela tenta escalar para a importante missão civilizatória, acabam de largar as prefeituras de Floripa e São José na mais completa penúria financeira e moral. Que boa companhia em tão boa hora, dona ministra da articulação política ! Isso lembra minha avó, dizendo sobre os acordos políticos dos coronéis de sua época: "Por fora, bela viola! Por dentro, pão bolorento."
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