Suponho que todos conhecemos uma
folha de cana de açúcar. Tente acariciar uma delas no sentido do caule para a
ponta. Uma delícia, não? A própria suavidade do tato humano em harmonia com a
estrutura botânica da planta. Agora, tente acariciá-la no sentido contrário.
Aspereza, rejeição, ferimento até. Assim é a relação eterna do bicho homem com
a natureza. Ou você se integra, obedecendo o fluxo da energia vital, ou se dá
mal...
Nos tempos modernos, perdemos grande
parte de nossa identificação com o mundo natural, tanto por que as crenças
humanas sempre foram no sentido de que lhe somos superiores, quanto pela
complexidade de uma sociedade urbana megalomaníaca, automatizada, desumana e
cruel. A vida nas grandes cidades tornou o bicho homem um prisioneiro de seus
próprios avanços. Quem pode se dar ao luxo de pisar na grama com os pés
descalços, numa cidade como São Paulo? Que trabalhador diário pode tomar um
banho de mar nas águas salgadas das várias e deliciosas praias do Rio de
Janeiro? A vida urbana e suas violências, sutis ou explícitas, nos condenou a
caminharmos apenas sobre esteiras de academias de ginástica.
Ao mesmo tempo em que os movimentos a
favor da ecologia avançam para o campo da política, surgindo representações
formais da luta pelo equilíbrio ambiental, não há notícia de que o respeito à
natureza tenha servido para introduzir a crença de que o Homem faz parte dela.
Sempre nos referimos à Natureza como algo distante, a ser observado, analisado
e no máximo defendido, mas, nunca considerado parte de nossa essência, como de
fato é.
Abraçar uma árvore é coisa de louco.
Falar com elas, então, é caso de internação imediata. Perceber a energia de
rochas minerais, como os cristais, só serve para bruxos. Os animais são
tratados como ferramentas inanimadas, cavalos para o serviço pesado, bois e
galinhas para matéria prima da indústria de alimentos industrializados, e como
tais devem ter o menor custo possível, para possibilitar maiores lucros ao
final da cadeia de produção. Animais domésticos servem para distrair crianças
ou amenizar a solidão adulta. Quando não estão neste papel, são armazenados em
cubículos sem vida. Nos esquecemos da lição de São Francisco, de que os animais
são nossos irmãos.
A monocultura em larga escala gera
grandes lucros para poucos produtores e exportadores de soja, por exemplo,
enquanto derruba todas as florestas, levando junto com elas os mananciais de
água. Não nos damos conta de que o desaparecimento das árvores reduz a fauna no
seu entorno. No interior das grandes plantações, verificamos que os pássaros
que restaram procuram as cidades para passarem a noite, pois só ali ainda
encontram o abrigo para pernoites e ninhos. Ainda nos maravilhamos com a
algazarra que fazem ao anoitecer, e não olhamos para o imenso cemitério rural onde
crescem os cereais feitos com sementes transgênicas, licenciadas a partir de
tecnologia detida apenas por dois ou três grandes corporações mundiais.
A presença do homem na Terra é
resultado da evolução ao longo de bilhões de anos, tão longa que não se pode sequer
considerar o tema TEMPO como algo definido, reconhecido e estabelecido como um
padrão. O bicho HOMEM é insignificante diante do próprio planeta, quanto mais
em relação ao desconhecido Universo. O fluxo da vida não pode ser detido.
Energia parada gera doenças. Quando se define um padrão fixo e se lhe
consideramos como uma lei estabelecida, estamos matando o fluxo da vida. Tudo é
mutável no Universo, desde o momento em que é gerado, seja uma estrela ou um
ser humano. Desrespeitar esta Lei da Natureza, é decretar o apressamento da
morte, mais rápida do que ela viria, com certeza.
É...meu amigo Laércio...você conseguiu resumir essa grande engrenagem nesse testo resumido. Tudo verdade. Difícil entender tantos mal tratos com tanta informação. A humanidade está tão enroscada nessa engrenagem egoica que não percebe o mal que faz. O que me conforta é saber que temos pessoas despertando com coragem que estão divulgando uma vida mais amorosa e saudável sem agredir nenhuma forma de vida.
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