quarta-feira, 17 de agosto de 2016

CANTIGAS para uma ALMA EM SOFRIMENTO


Herbie Hancock e Wayne Shorter, gênios do Jazz. Nem por isso muito alegres.
Alguns sintomas e sensações são comuns nos indivíduos acometidos pela chamada "doença da civilização": sensação permanente de cansaço e fadiga, falta de vontade, distúrbios do sono, aumento ou diminuição rápida de peso, dor de cabeça, tensão muscular, dores generalizadas e baixa imunidade contra infecções e doenças. Nenhum prazer em sentir a vida pulsando, como é natural nas pessoas saudáveis.  
Mas, por outro lado, o sofrimento também pode ser uma grande inspiração para a criação artística.




Talvez o artista mais depressivo que o mundo conheceu, tenha sido Vincent Van Gogh.  Suicidou-se aos 37 anos de idade, mas, em sua curta vida produziu preciosidades como a tela reproduzida abaixo.   



O velho bar continua na mesma esquina da pequena Arles,
sul da França, onde Van Gogh o pintou em 1888. 


DEPRESSÃO e MÚSICA


Alguns dos grandes poetas e músicos da história da Arte foram pessoas muito tristes e deprimidas. Mozart, conforme sabemos, foi um gênio da humanidade, mas de vida extremamente complicada, com terríveis problemas familiares com o pai e posteriormente com a esposa. Não tinha a docilidade e obediência religiosa de Back, seu antecessor em importância cronológica dentro do romantismo clássico alemão. No entanto, Mozart era bem mais comportado emocionalmente que seu sucessor, Bethoven, ainda que o primeiro tenha vivido relativamente pouco tempo, enquanto Bethoven morreu velho e surdo. Dizem que detestava Viena e queria muito voltar para sua aldeia na Alemanha, mas tinha maior gosto pela fama e ostentação da vida mundana.

 

No caso da música popular escrita em português, temos uma longa tradição brasileira de chorar as pitangas da mágoa e sofrimento profundo. O que não significa que a música feita de lamentos tenha menos qualidade, seja literária ou musical. 



A coisa começou cedo. Já em 1934 a pequena notável, Carmen Miranda, gravava um samba aparentemente tão alegre que poderia até ser dançado no carnaval. Mas, presta atenção na letra de Luiz Peixoto. Quarenta anos depois, em 1974, ELIS REGINA dava à canção cores mais apropriadas, segundo seu próprio roteiro de vida. 


Em 1955, Ary Barroso fazia um samba para Dalva de Oliveira. A história musical de ambos foi completamente diferente. Ele, alegre e fanfarrão, enquanto Dalva representou ao vivo a primeira tragédia matrimonial da música popular brasileira. 



No final dos anos 50, Maysa lançou esta canção de sua própria autoria. Lembrança dos tempos em que colocou Matarazzo no próprio nome. Especula-se que a letra é auto biográfica. 

Medo é um dos principais motivos do recolhimento da pessoa em sentimentos depressivos. A falta de coragem para o salto pode ser até boa conselheira, em certos aspectos, mas não faz um bom trapezista da vida. Aqui, o cearense Belquior mostra como seria o medo se fosse uma canção. 

A decepção com uma vida sem sentido, cheia de problemas econômicos, sociais e familiares, poderia ser motivo para se suicidar. Mas, do fundo da escuridão pode vir um impulso de vingança, que permita gozar a própria situação e sair para a vida, e que se danem todos ao redor. Ninguém contaria isso melhor que o próprio Luiz Gonzaga Júnior, embora tenha sido ele mesmo que dirigia o carro a 160 km por hora, quando o acidente fatal lhe tirou a vida num amanhecer chuvoso no interior do Paraná. Não deixa de ser um suicídio involuntário, certamente inconsciente.





Ansiedade e drogas;  uma trava, a outra solta. 
Quantos roteiros de vida foram abreviados por essa dupla explosiva? Pelo menos duas: Cássia Eller e Renato Russo. 





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