Em um artigo anterior passamos alguns números estatísticos sobre a violência no Brasil. Vimos que a polícia brasileira mata quatro vezes mais que a dos Estados Unidos, apesar da fama de país violento e racista que o senso comum imagina em relação a América do Norte. Vimos também que o Reino Unido é um dos países mais pacíficos do mundo, apesar de nosso olhar emocional reter ainda nas retinas o assassinato do eletricista brasileiro em Londres, confundido com um terrorista de origem árabe.
Tão importante quanto a violência explicitada em (f)atos reais é a sensação de insegurança. São como os flashes de um cotidiano sufocante, a sensação de perigo iminente, como o sacrifício da mãe de classe média que sai de casa às quatro da manhã para buscar o filhote adolescente, na balada com os amiguinhos aprendendo a ser medroso também. O sujeito que sai do banco com dinheiro vivo e acelera os batimentos cardíacos quando coloca o pé na calçada, olhando desconfiado para os lados e tentando caminhar o mais rápido que pode até o carro, estacionado à várias quadras dali. O empresário que sai de casa de manhã em direção ao trabalho e para no sinal vermelho, vendo se aproximar ameaçadoramente o limpador humano de parabrisas. O casal que vai ao teatro à noite e deixa o carro estacionado na rua, quando o guardador anuncia "são vinte pratas, doutor, adiantado por favor". Nada disso está nas estatísticas. Mas, tudo isso contribui para a diminuição da nossa qualidade de vida urbana. Tudo isso nos coloca em risco frente a uma náusea inexplicada, como quando passamos diante da cracolândia. Não fazemos parte dela, não dormimos na rua, não nos drogamos como eles, nossos bens materiais e afetivos estão seguros. Mas, a visão do inferno nos deixa impregnados de uma peste social que contamina nossa alegria.
Gonzaguinha compunha canções de amor
Anos 70[editar | editar código-fonte]
- Caso Lutfalla (1977)
- Caso Roberto Farina
Anos 80[editar | editar código-fonte]
- Escândalo da Mandioca (1979 e 1981)
- Escândalo da Proconsult (1982)
- Caso Chiarelli (1988)
Anos 90[editar | editar código-fonte]
- Caso Jorgina de Freitas
- Caso Edmundo Pinto (1992)
- Caso Nilo Coelho
- Caso Eliseu Resende
- Caso Queiroz Galvão
- Caso Ney Maranhão
- CPI do Detran (em Santa Catarina)
- Dossiê da Pasta Rosa (1995)
- Escândalo dos Anões do Orçamento
- Caso Rubens Ricupero (também conhecido como "Escândalo da Parabólica").
- Escândalo do Sivam
- Escândalo do Banestado
- Escândalo da Encol
- Escândalo da Mesbla
- Dossiê Cayman (ou Escândalo do Dossiê Cayman ou Escândalo do Dossiê Caribe)
- CPI do Banestado
- Banco Nacional de Minas Gerais
- Banco Noroeste
- Banco Econômico
- Bancos Marka e Fonte Cindam
- Escândalo da SUDAM e da SUDENE
Década de 2000[editar | editar código-fonte]
- Caso Luís Estêvão
- Caso Toninho do PT
- Caso Celso Daniel
- Operação Anaconda
- Escândalo do Propinoduto
- Escândalo dos Bingos (ou Caso Waldomiro Diniz)
- Caso Kroll
- Escândalo dos Correios (Também conhecido como Caso Maurício Marinho)
- Escândalo do IRB
- Escândalo do Mensalão
- Mensalão mineiro
- Escândalo do Banco Santos
- Escândalo dos Fundos de Pensão
- Escândalo do Mensalinho
- Caso Escândalo da Quebra do Sigilo Bancário do Caseiro Francenildo)
- Escândalo das Sanguessugas (Inicialmente conhecida como Operação Sanguessuga e Escândalo das Ambulâncias)
- Operação Confraria
- Operação Dominó
- Operação Saúva
- Escândalo do Dossiê
- Escândalo da Renascer em Cristo
- Operação Hurricane (também conhecida Operação Furacão)
- Operação Navalha
- Operação Moeda Verde
- Caso Renan Calheiros ou Renangate
- Caso Joaquim Roriz (ou Operação Aquarela)
- Escândalo dos cartões corporativos
- Caso Bancoop
- Esquema de desvio de verbas no BNDES
- Máfia das CNH's
- Caso Álvaro Lins, no Rio de Janeiro
- Operação Satiagraha ou Caso Daniel Dantas
- Escândalo das passagens aéreas
- Escândalo dos atos secretos
- Caso Gamecorp
- Escândalo dos Correios
- CPI das ONGs
- Operação Faktor
Década de 2010[editar | editar código-fonte]
- Caso Erenice Guerra
- Operação Tsunami
- Esquema do Plano Safra Legal
- Operação Esopo ou Escândalo do Ministério do Trabalho
- Caso Siemens (e Caso Alstom)
- Operação Maet (Judiciário corrompido no TJ-TO)
- Caso Ana Cristina Aquino (Escândalo do PDT)
- Operação Lava Jato | Petrolão
Para bons observadores, percebe-se que os casos estão aumentando vertiginosamente. Isso é reflexo da desmoralização da gestão pública em todos os níveis, de prefeito a presidente(a) da república, de vereador ao presidente do congresso nacional, do juiz de uma pequena vara no interior ao presidente do supremo tribunal federal.
Para quem quiser maiores detalhes, todos estão descritos a partir da página
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_escândalos_políticos_no_Brasil
"Onde está o dinheiro?" O gato comeu.
Diz-se que "violência gera violência". Nada mais verdadeiro que este círculo vicioso que vai aumentando os riscos de um final trágico. É comum no nordeste brasileiro que uma ofensa seja respondida com violência maior. Assim, um governador de estado, hoje confortavelmente sentado na cadeira de Senador, resolveu responder com um tiro na boca ao inimigo político que falara mal dele nas rodas sociais de seu estado. Também é comum que famílias vinguem um assassinato com vários outros, contra a família do agressor inicial. Todos pagam a conta, inclusive os inocentes de ambos os lados.
Algumas injustiças sociais ou escolhas equivocadas feitas pela nação, também geram violência sobre violência, acelerando o processo de barbárie. Vamos citar apenas três exemplos principais, sem entrar no mérito de cada assunto, senão o espaço deste artigo seria tamanho gigante e, portanto, ilegível. Mas, cada um desses temas, por si próprios já daria uma tese acadêmica.
1) MÁ DISTRIBUIÇÃO DA RENDA
Neste quesito o Brasil é um dos piores no ranking mundial. Os melhores exemplos estão nos países escandinavos (Dinamarca, Suécia, Noruega), onde a diferença entre um diretor de empresa e um operário especializado é de quatro vezes, em média, contra 37 vezes no Brasil (Total Remuneration Surveys, 2014, da Consultoria Mercer). O salário mínimo na Noruega é de 15 mil reais e o desemprego 2%, com gratuidade em excelentes serviços de saúde e educação. Na Dinamarca é comum que o presidente da empresa e um trabalhador comum sigam para o trabalho no mesmo trem do metrô. É só comparar com o Brasil.
2) ÊXODO RURAL E FAVELIZAÇÃO DAS CIDADES
Segundo o IBGE, 90% da população brasileira estará vivendo em cidades até o ano 2020. Isso se deve a concentração de terras produtivas, mecanização das lavouras destinadas à exportação de grãos, com baixa intensidade no uso de mão de obra. Gera uma concentração urbana descomunal, com mão de obra semi analfabeta, formando cinturões de pobreza. A Holanda, um pequeno país que luta contra as invasões das águas do mar, subsidia a permanência de seus camponeses na zona rural, produzindo principalmente flores e leite, destinados principalmente à exportação. O excedente lácteo é doado a paises miseráveis da África, América e Oriente. Quando morei temporariamente em Manaus, o leite de lá era de alta qualidade, mesmo estando à 3 mil quilômetros de qualquer produção leiteira. Vinha em pó da Holanda! A existência de uma população rural vivendo com qualidade de vida é essencial e estratégico para o equilíbrio social. A essência do latifúndio moderno é quebrar esta lógica. No Brasil, os latifundiários estão no governo!
3) DESAGREGAÇÃO FAMILIAR E RELIGIOSA
Numa sociedade agrária e conservadora, como era o Brasil de 50 anos atrás, as igrejas cristãs tradicionais pesavam como mediadoras das relações interpessoais e sistêmicas. Aos poucos a população foi deixando de lado a frequência religiosa, devido a razões que não interessam aqui, ou migrando para igrejas evangélicas de tipo pentecostal (Assembléia de Deus, Universal, Mundial, etc), que estão mais interessadas na arrecadação de recursos do que nos conflitos pessoais. É a religiosidade de massas, apropriada para grandes metrópoles e concentrações urbanas de populações miseráveis. A família perdeu seus laços tradicionais e a droga pesada tomou conta dos enclaves na periferia. Os pobres foram sendo empurrados para cada vez mais longe, consumindo cada vez mais tempo em transporte, causando prejuízo das relações familiares. Crianças ficam abandonadas à própria sorte em suas comunidades, sem escolas, sem alternativas de lazer e sem bons exemplos. Não quero ser pessimista, mas, o cenário está mais que pronto para a grande catástrofe !!!
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Enquanto isso a educação está à própria sorte. Há escolas de periferias que mais parecem reformatórios. Não há investimento na formação do ser humano, que deveria incluir além das matérias clássicas, idiomas, esportes, artes e informática. Além de cumprir-se uma carga horária integral, por que não? Negligencia-se um investimento que se tornará compulsório em gastos com o sistema prisional, com a segurança, com seguros caríssimos, com hospitalizações decorrentes da violência, etc., sem contar que é a opção perfeita para manter o voto cativo de quem sequer sabe porque ou em quem votar.
ResponderExcluirExemplos de injusticas sociais ou escolhas equivocadas pela nacao:
ResponderExcluir1) Ma distribuição de renda.
Pelo que lembro o ex-Senador Pedro Simon uma vez discursou no plenário sobre isso. Ele disse que uma certa lei no Brasil limitava a diferença entre salarios a 40x e que a proposta da nova lei era para diminuir para 20x. Ele reclamava que nao queriam aprovar esta nova lei, mas na Alemanha essa diferença em lei era de apenas 7x.
Porem a analise singular da distribuição de renda eh perigosa. Sempre que eu menciono a distribuição de renda eu cito em seguida outras consideracoes, como a renda per capita, nível de impostos, instrucao, crescimento populacional, etc.
Afinal, o que podemos considerar como uma boa distribuição de renda? Nao valem conceitos da ONU. Seria uma Distribuicao Normal (Curva de Gauss)? Ou o menor desvio padrao possivel?
Mas e se tivermos um desvio padrao elevado? Ou uma Distribuição Normal "nada" padrao. Ou, em outras palavras, que os 0,3% da população, compreendidos alem dos 3 deltas, acumulassem 25% das riquezas, enquanto o povo teria uma renda media de 15 mil dolares por mês? Qual o problema nisso?
Nao estou dizendo que vc nao levou isso em consideração no seu texto nem que desconheca outros fatores influentes na distribuição de renda. Tenho certeza que vc conhece sim este tipo de análise em virtude da qualidade dos seus textos que eu ja li.
Mas, particularmente, nao gosto desse tipo de estatistica, pois induz, mesmo sem querer, as pessoas a limitar suas analises a um unico indice.
Alem disso tudo, ha uma corrente que argumenta que nunca, isso na melhor das hipóteses, havera menos de 20% de pessoas com renda muito inferior a média nacional, em virtude de diversos fatores da natureza humana.
Pense nisso! Tente compreender o que quis dizer.
2) Êxodo rural e favelizacao das cidades.
Li certa vez que a França subsidia o agricultor no campo pois eles se baseiam num estudo no qual diz que um trabalho no campo custa 17x menos que um trabalhador na cidade.
Ao final vc escreveu que "a essência do latifúndio moderno eh quebrar esta logica". Olha, depende bastante da forma como cada um enxerga a questao. Creio que, sob alguns aspectos, a quebra desta logica seja ate uma coisa boa. Mas eu precisaria de bastante tempo para argumentar sobre esse assunto, visto que as palavras tomam corriqueiramente dimensões maiores que as desejadas.
3) Desagregação familiar e religiosa.
Texto perfeito!
Gosto muito das suas observações. Num artigo para publicação no Face, você tem que ser didático e curto. Não dá para levar em conta o tipo de argumentação lógica que você faz em relação a distribuição de renda. Achei importante considerar que a diferença entre a menor e maior é 37 vezes no Brasil, enquanto na Noruega é 4. Não citei que a renda per cápita deles é de 100 mil dólares anuais, já pensou nisso?
ExcluirMas, veja que o índice de 37 vezes é dentro de uma mesma empresa. Ademais, é simples verificar a disparidade de renda no Brasil. Basta olhar para o lado.
Concordo com a tua visão, dá medo de sair de casa. Por isso entre outras coisas, que me mudei de cidade e fui morar no interior do RS - Pelotas. Por enquanto estamos um pouco longe destas estatísticas, com menos transito, cidade com tudo que se precisa, mas com menos violência e mais tranquila para se viver. Senti a necessidade de sair da selva de veículos que é Florianópolis e São José, agora moro perto da AGU, onde trabalho e uso o veículo esporadicamente para passear.
ResponderExcluirRonaldo Fagundes Monteiro - Pelotas - RS
Nestes últimos anos tivemos mais escândalos do que em décadas passadas. Isso se deve ao poder público e privado serem mais desonestos e corruptos OU devido a existência de maiores controles como Polícia Federal e demais instituições de controle????
ResponderExcluirGilberto Grandi - Florianópolis - SC
Sua crônica é bem oportuna, acho que tudo isso está diretamente ligado a um país em que os poderes constituídos, não fazem nada daquilo para o qual foram empossados. Sou a favor de uma revisão profunda em nossa legislação e na sua eficaz aplicação.
ResponderExcluirSou a favor da pena de morte, e acho que quem mata outrém, tem que no mínimo pegar prisão perpétua, só ficando de fora aqueles que matarem para defender a própria vida ou a de terceiros, efetivamente comprovado.
Acho que temos que ter colonias agricolas, para que o detento ganhe o seu sustento e o de sua família e não tenha tempo para ficar pensando em badernas.
Estatuto da criança, para todas elas que não cometam crimes de morte, ao matar alguém tem que ser julgado como adulto.
Raul Gomes - Florianópolis - SC