"MISSÕES JESUÍTICAS" na América do Sul
Provável território da República Guarani, tido como projeto de estado teocrático da Companhia de Jesus |
A Companhia
de Jesus, cujos membros são conhecidos como Jesuítas,
foi fundada em 1534 por um grupo de estudantes da Universidade de
Paris, liderados pelo religioso espanhol com origens entre a nobreza do
País Basco, Ignácio de Loyola. Além de ordem religiosa, consta que ela foi
pensada também como instituição militar, daí o nome pouco comum para uma Ordem
católica romana. Um dos projetos do hoje Santo Ignácio, teria sido a proposta
de uma nova Cruzada em direção à Jerusalém, o que fez o Papa Clemente VII
tremer nas bases. Tratou rapidamente de convencer os jovens e valentes padres a
se engajarem em coisas mais convencionais, como as descobertas de novas terras,
projeto dos reinos católicos de Portugal e Espanha. Terras de além mar, onde havia muita gente a ser
convertida.
Em 1599 os Jesuítas chegam a Córdoba, Argentina, onde dão início a um sistema único na América Espanhola, destinado a gerenciar um complexo projeto baseado em três alicerces:
1) A montagem de um sistema educacional de alta performance, destinado a formação da elite colonial, assim como de manutenção da população agregada aos valores religiosos católicos. Já em 1608 começavam as obras para construção da chamada Manzana Jesuítica no centro da cidade de Córdoba. Em 1613 era inaugurada a Universidade de Córdoba, a segunda da América Latina, depois da primeira em Lima, Peru, esta construída pela própria coroa espanhola. Para se ter uma ideia, a primeira "universidade" do Brasil, também construída pelos Jesuítas, na Bahia, só seria inaugurada como tal quase cem anos depois.
2) O estabelecimento de estâncias de produção agro-pastoril, para sustentação econômica da Ordem e sua missão evangelizadora. Ao longo do século e meio de permanência na região, a Ordem implementaria uma rede majestosa destes empreendimentos, a saber: Caroya (1616), Jesús María (1618), Santa Catalina (1622), Alta Gracia (1643), La Candelaria (1678) e San Ignacio (1725). Nestas estâncias, utilizava-se mão de obra escrava negra, que os Jesuítas negociavam com os estancieiros do Rio Grande do Sul e Uruguai, em troca de mulas para transporte de cargas, inclusive as que foram utilizadas na rota Viamão-Sorocaba.
3) Evangelização, alfabetização em guarani/espanhol e colonização dos índios Guaranis, espalhados pelo território que abrange os rios Paraguay, Paraná e Uruguay. No longo projeto de mais ou menos 150 anos, foram criadas 30 Reduções Jesuíticas, ou Missões, com o propósito de evangelizar, formar e organizar os índios. Ao longo de dez anos, os Jesuítas se prepararam em Córdoba, onde estudaram a cultura, religião e costumes guaranis, aprenderam a língua e verteram o Guarani para a escrita no alfabeto latino. Calcula-se que por volta de 1750, existiam cem mil índios vinculados às missões jesuíticas, um potencial exército bastante considerável, em perfeita saúde e juventude.
1) A montagem de um sistema educacional de alta performance, destinado a formação da elite colonial, assim como de manutenção da população agregada aos valores religiosos católicos. Já em 1608 começavam as obras para construção da chamada Manzana Jesuítica no centro da cidade de Córdoba. Em 1613 era inaugurada a Universidade de Córdoba, a segunda da América Latina, depois da primeira em Lima, Peru, esta construída pela própria coroa espanhola. Para se ter uma ideia, a primeira "universidade" do Brasil, também construída pelos Jesuítas, na Bahia, só seria inaugurada como tal quase cem anos depois.
2) O estabelecimento de estâncias de produção agro-pastoril, para sustentação econômica da Ordem e sua missão evangelizadora. Ao longo do século e meio de permanência na região, a Ordem implementaria uma rede majestosa destes empreendimentos, a saber: Caroya (1616), Jesús María (1618), Santa Catalina (1622), Alta Gracia (1643), La Candelaria (1678) e San Ignacio (1725). Nestas estâncias, utilizava-se mão de obra escrava negra, que os Jesuítas negociavam com os estancieiros do Rio Grande do Sul e Uruguai, em troca de mulas para transporte de cargas, inclusive as que foram utilizadas na rota Viamão-Sorocaba.
3) Evangelização, alfabetização em guarani/espanhol e colonização dos índios Guaranis, espalhados pelo território que abrange os rios Paraguay, Paraná e Uruguay. No longo projeto de mais ou menos 150 anos, foram criadas 30 Reduções Jesuíticas, ou Missões, com o propósito de evangelizar, formar e organizar os índios. Ao longo de dez anos, os Jesuítas se prepararam em Córdoba, onde estudaram a cultura, religião e costumes guaranis, aprenderam a língua e verteram o Guarani para a escrita no alfabeto latino. Calcula-se que por volta de 1750, existiam cem mil índios vinculados às missões jesuíticas, um potencial exército bastante considerável, em perfeita saúde e juventude.
"Ad maiorem Dei gloriam", lema dos Jesuítas. Para a maior glória de Deus. |
Os Jesuítas se armavam como podiam para defender as reduções, ou seja:
com paus e pedras. Reclamavam para seus conterrâneos espanhóis, mas, não
recebiam apoio, seja por que os Castelhanos estavam envolvidos em outros
conflitos, seja por que a eles não interessava fortalecer o projeto
Jesuítico.
Aqui entra a suposição de que a Companhia de Jesus, a partir de um certo
ponto de saturação, começou a pensar num Estado independente da Espanha,
teocrático e comandado por eles, a ser implementado na região dos índios
guaranis convertidos. Verdadeira ou não a hipótese, o caso é que o maioral da
Companhia, em Roma, dirigiu-se ao Papa Clemente XIV pedindo autorização para
comprar armas em grande quantidade. Talvez tenha sido esta a ingênua
subordinação Jesuítica à hierarquia católica, o que a levou a ser expulsa das
terras da América pela Espanha em 1767, tendo seus bens sequestrados e
divididos entre outras ordens religiosas. Já haviam sido expulsos do Brasil
pelo Marquês de Pombal no ano de 1759.
Para confirmar o primor com que os Jesuítas encaravam o projeto das Missões, trouxeram artesãos italianos que haviam decorado o Vaticano |
Nos
dias atuais, os Jesuítas continuam fortemente ligados ao segmento educacional,
com cerca de 15 mil padres ativos e 3 mil em formação. Em março de 2013, o arcebispo de Buenos Aires, o
Jesuíta Jorge Mario Bergoglio, tornou-se o sumo pontífice da Igreja Católica
Romana. Curiosamente, por razões que não explicou, adota o nome de Francisco. Não se sabe sequer se ele quis homenagear a
São Francisco de Assis ou de Xavier. Nenhum deles tem a ver com a ordem dos
Jesuítas.
Havia duas missões chamadas San Ignácio, as primeiras que
foram construídas pelos Jesuítas, assim que chegaram na colônia, pelo início
dos anos 1600.
A maior, denominada GUASSU, ficava na região de Guaira, divisa atual entre Paraná, Paraguay e Mato Grosso do Sul. Foi completamente destruída pelos Bandeirantes paulistas. Após esta tragédia militar e histórica, os vândalos através dos séculos se encarregaram de apagar os sinais de sua memória. Hoje o povo simples de Guaira, de ambos os lados, sequer sabe de sua existência no passado distante. Não restam quaisquer vestígios dessa primeira experiência.
Quando sucumbiu a Missão ante os Bandeirantes, os Jesuítas ainda tentaram salvar os moradores, levando-os em canoas rio abaixo, com a intenção de instalar os remanescentes na região de Posadas. Poucos dos 12 mil guaranis embarcados chegaram ao destino, quase 500 quilômetros rio abaixo. A maioria ficou pela região das Cataratas do Iguaçu, outros morreram na viagem e outros se infiltraram na mata, voltando ao estado selvagem de antes.
Quanto à Missão denominada SAN IGNACIO
MINI, foi melhor preservada dos ataques portugueses, primeiro em razão da
própria distância de São Paulo, depois, pela defesa eficiente armada pelos
padres Jesuítas, mais perto da sede da congregação em Córdoba e melhor
preparados militarmente. SAN IGNACIO MINI ficou entregue ao tempo por
mais de 150 anos, depois da expulsão dos Jesuítas em 1767, até 1948, quando o
governo argentino iniciou os trabalhos de recuperação das ruínas.
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