Os pelegos sindicalistas do PTB de Jango, migraram todos para a ARENA do novo regime militar |
Não precisamos lembrar os tempos que
antecederam o golpe militar de 1964, por muitos também chamado de Revolução. O
país vivia momentos de tensão, de um lado os que apoiavam o governo João
Goulart, basicamente os militantes do movimento popular da cidade e do campo, apoiados por intelectuais de esquerda, e de
outro os chamados conservadores, constituídos por forças da Igreja e da
burguesia nacional e internacional. Um componente peculiar, a “guerra fria”,
dava um cenário mais marcado no tempo, com a possível interferência dos Estados
Unidos, ante a alegada orientação socialista do governo Jango, o que em tese
favoreceria o outro lado, o soviético. Uma dessas bobagens históricas que
sobram para as novas gerações pagarem as contas.
Nas vésperas do golpe, Darci Ribeiro e outros governistas
proclamavam de suas tribunas o brado de que “golpistas não passarão”, tais
quais as UNE-CUT-MST de hoje, que o fazem em relação a Dilma. Dado o golpe
militar, todos fugiram para os aeroportos ou se esconderam na clandestinidade.
Não há resistência civil, mesmo armada, que se contraponha à ação militar
organizada. O único cuidado dos militares golpistas foi garantir a unidade das três
forças em todo o país. Por isso, diante de uma desconfiança de que o Terceiro Exército
(RS) pudesse apoiar Jango, simularam uma operação teste, mandando o General
Mourão marchar de seu quartel em Juiz de Fora (MG) para o Rio de Janeiro, com o
propósito de cercar o Palácio Guanabara, onde o presidente da república costumava
despachar. Não havendo reação, consolidou-se o golpe, ou revolução, como
queiram, a mim não importam os rótulos.
Hoje, no Brasil, temos uma falta daquela perspectiva
política. Não é o mesmo ambiente de 1964, onde as “reformas de base” propostas
pelo governo Jango eram questionadas por uma aterrorizada classe média,
preocupada com seus privilégios. O que temos hoje é uma recessão em andamento,
com perspectivas de piorar ainda mais, onde um governo constituído em torno do
PT e suas alianças exóticas enfrenta sua crise existencial. Ela é de natureza fundamentalmente econômica,
decorrente do modelo de governança estabelecido no país. A solução não vai ser
fácil e depende de muitas variáveis, de modo que o cidadão pode ir tirando o cavalinho
da chuva e convencer-se de que vai ter que apelar para muito trabalho e paciência,
como pede a “presidenta”.
Contra o atual governo liderado pelo PT, impropriamente chamado de "comunista", articulam-se vários grupos, pedindo nova intervenção militar. |
Ao mesmo tempo, e diante da falta de saídas institucionais, há um apelo para o exemplo de 1964. Ou seja, salvar o país pela INTERVENÇÃO MILITAR. Até dizem que isso seria constitucional, não sei dizer se procede ou não, tampouco estou interessado na questão acadêmica do direito constitucional. Segundo minha análise pessoal, nós cidadãos temos que dar conta de nossas responsabilidades, sem apelar para intervenções de qualquer ordem. Nosso regime é o democrático e republicano, portanto, as forças em atuação na sociedade civil deveriam ser suficientes para resolver as crises institucionais. Se a cada crise apelarmos para a poderosidade armada, seremos sempre a república de bananas folclórica que nos caracterizam como tal no hemisfério norte.
Tenho notado apelos pelo “GOLPE” vindos de
diferentes fontes. Uma é a civil de orientação politicamente centrada no
fascismo, autoritarismo e até nazismo. São as entidades e pessoas que atuam nas
redes sociais, onde eu percebo que elas têm bastante visibilidade. Outra são os militares, especialmente os
retirados para a reserva, agregados em torno do Clube Militar do Rio de
Janeiro. Tradicionalmente este clube é dirigido por generais da reserva do
exército e, por serem da reserva, sua importância se iguala a importância de
qualquer segmento social, sem qualquer privilégio em particular. A terceira e
mais importante influência na pregação pelo golpe militar vem dos comandantes
de tropa. São oficiais generais ou de alto comando, geralmente jovens, que
apregoam a falência do atual regime democrático. O maior exemplo deste modelo
foi o general Mourão, que não se perca pelo nome, comandante militar do Sul,
com sede em Porto Alegre, onde ele fazia suas pregações anti governistas em reuniões
públicas. Tampouco tomou qualquer atitude diante de um subordinado seu, que
promoveu homenagem póstuma a um notório torturador do DOI-CODI durante o regime
militar. Em boa hora, este general comandante foi transferido para uma função
burocrática em Brasília, longe do comando de tropas. Teria sido uma atitude de
equilíbrio, segundo meu julgamento, pois a alternativa mais radical seria prendê-lo.
Decorrente deste fato, os movimentos que pedem a intervenção militar, que não
são poucos, ocupam as redes sociais a ofender os comandos militares. Estes,
mantém uma coerência de prática e ordem estritamente militar. Recentemente, foi
substituído o comandante em chefe das Forças Armadas, uma espécie de
articulador das três forças. Pois o tal movimento clandestino pela Intervenção
Militar debitou isso à fragilidade dos comandos, frente a um suposto complô
comunista formado pela presidente Dilma e o ministro da defesa, Aldo Rebello,
militante do PCdoB. Ocorre que o posto era reivindicado pelas três forças e, em
torno dele tinham formado um acordo, segundo o qual haveria rodízio no seu
preenchimento. Então, a substituição
teria sido algo perfeitamente normal e aceitável pelas três armas. Exemplos
assim, nos alertam para o perigo de um golpe real. Ora, um país democrático precisa
minimamente de uma coisa chamada ORDEM. A ordem não é necessariamente reacionária,
como costumam pregar os comunistas e anarquistas. Aliás, assim que assumem o
poder, a primeira coisa que os comunistas implantam é a ORDEM ABSOLUTA, através
da leninista “ditadura do proletariado”.
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