O ÚLTIMO TANGO DE CRISTINA
Cristina Kirchner já vai tarde. Mas promete colocar fogo no país.
Você já andou ouvindo uma promessa assim por aqui mesmo, não faz muito tempo. É
da mesma banda política. Na Argentina, como aqui, este tipo de bravata é feita
pelos militantes de rua de um grupo de políticos, que se autodenominaram
"bolivarianos", em homenagem ao novo socialismo venezuelano, agora
também morimbundo.
Cristina foi entusiasticamente apoiada por este grupo. Toda semana havia
um ou dois de seus principais líderes, a fazer campanha para o pupilo de
Cristina. Lula e Dilma (Brasil), Correa (Equador), Morales (Bolívia), Pepe
Mujica (Uruguai) e representantes de Chávez-Maduro (Venezuela) foram pessoalmente
prestar apoio. Não resolveu. Ainda bem. O povo argentino os repudiou. Mas,
Cristina não se entrega. Promete voltar com tudo em 2019. Todos os que vão
perder os cargos, os aparelhos instalados dentro do Estado, prometem o incêndio
anunciado. Greves selvagens, ocupação de instalações públicas e privadas,
violência política, a velha receita da esquerda "revolucionária". O
laboratório argentino nestes anos vindouros servirá de prova para o resto da
América Latina.
Além do prometido
incêndio, Cristina protagoniza um dos piores estilos de tango, aquele em que a
dama do cabaré é uma velha senhora decadente. Mauricio Macri, o presidente que tomou posse esta semana, reclamou que a velha senhora não queria discutir transição,
mas, apenas as cerimônias de passagem do governo, onde ela fazia questão de uma
participação destacada para ela e seus longos "cabellos negros". Não
tendo conseguido, boicotou a cerimônia de transmissão do governo ao sucessor.
Outro exemplo claro da
falta de republicanismo de Cristina e seus companheiros deu-se com a delegação
argentina à Conferência do Clima, em Paris. A política ambiental de Cristina e
a proposta por Macri são completamente diferentes, mas, mesmo assim, ela mandou
a Paris apenas os representantes de sua posição. Sequer consultou o novo
mandatário sobre o que ele pensava, para incluir entre seus
"emissários" pelo menos um que representasse o pensamento do novo
governo. Então, ficamos com uma delegação argentina "com data vencida".
Não satisfeita em encenar o Tango caseiro, tomou conta também do seu Tango em
Paris.
O primeiro a romper a corda do isolamento proposto por Cristina foi o
próprio candidato do governo, Daniel Scioli, derrotado por Macri. Ambos se encontraram no Palácio da Praza de Maio, para discutir questões práticas da crise na qual Cristina
Kirchner meteu o país. Ela deve ter tropeçado nas próprias tamancas em Rio Gallegos, Patagônia,
onde se recolheu após boicotar a posse de seu sucessor.
BANDIDOS FOGEM ANTES DA POSSE DO SUCESSOR
Em minha longa vida de observador da política, vi dois governantes derrotados não comparecerem à transmissão do cargo ao sucessor. Os dois casos são de governadores do Paraná, um dos anos 50, Moisés Lupión, que se mandou para o exterior. Dizem que os sinos da catedral da Praça Tiradentes badalavam "Lupión, Ladron... Lupión, Ladron".
O segundo foi Jaime Lerner, que tinha feito tanta caca que já se
considerava praticamente preso, assim que passasse o mandato a Roberto Requião.
Na véspera, ele embarcou para Moscou, de onde não poderia ser extraditado.
Depois, voltou com o rabo entre as pernas. Ele não sabia que Requião
continuaria o festival de cacas.
A ÉTICA PARLAMENTAR DE ZECA DO PT
Sabe por que o Lula
não gosta do Delcídio? A ponto de mandar o PT boicotar o senador? Por causa do
ex governador Zeca do PT, companheiro de pescarias de Lula...
Zeca do PT veio da
base. Comeu o pão que o diabo amassou! Até que em 1998 foi eleito governador do
Estado, depois de uma longa carreira amassando barro em Campo Grande (MS),
sindicalista dos bancários,fundador do PT, deputado estadual e finalmente
governador duas vezes.
Delcídio foi diretor da Petrobrás no período FHC, onde foi ativo
militante pela construção do gasoduto que traz gás da Bolívia. Em 2002, já
estava filiado ao PT, pelo qual disputou uma cadeira ao senado. Naquele ano,
Delcídio teve que ganhar a eleição sozinho, por que foi boicotado de todas as
formas pelo Zeca do PT. Provavelmente a razão desta rejeição foi puro
preconceito, em razão da classe social de Delcídio, pertencente à burguesia sul
matogrossense de Corumbá.
Como bom
sindicalista, Zeca do PT aprendeu cedo que agência bancária se fecha é na
porrada. Piquete selvagem, se necessário. Foi esta "expertise" que
ele usou para quebrar as urnas eletrônicas do plenário da câmara dos deputados,
no dia da votação da comissão de impeachment. Mas, ele pode ficar tranquilo,
por que a maioria governista não vai deixar que abram contra ele um processo no
Conselho de Ética.
QUE PODER TEM ESSE EDUARDO CUNHA !!!
Eduardo Cunha é um gangster
competente, não há duvida. Pela segunda semana consecutiva ele impede que se
instale no Conselho de Ética um processo por quebra de decoro, que pode levá-lo
a perder o mandato de deputado federal, junto com a própria presidência da
casa.
Ontem, foi mais um dia de troca de
agressões verbais, seguida por socos e empurrões, que interromperam a sessão do
dia no Conselho, que tentava pela undécima vez encaminhar um relatório sobre a admissibilidade do processo, após o que o senhor Cunha
poderá ser chamado de "acusado" de ter mentido ao parlamento sobre o
imbroglio "contas na suíça". Por enquanto, ele não é formalmente
acusado de nada.
O que mais intriga ao eleitor comum, é a curiosidade em saber como
Eduardo Cunha acumulou tanto poder de atuação nos bastidores. Há dez dias
atrás, os dois brigões de ontem votavam a favor dele. Primeiro para impedir que
se instalasse a plenária do Conselho, negando-lhe quórum. Depois para ajudar
exatamente neste jogo de empurra, adiando ao máximo o processo. Zé Geraldo
(PT-AC), um dos brigões é o folclórico deputado petista, que se defendia de
estar a serviço de Cunha alegando cumprir ordens partidárias, emitidas
claramente e com todas as cores vermelhas aguerridas do presidente do PT, Rui
Falcão, e do ministro da casa civil, Jacques Wagner.
Depois do escândalo, um Zé Geraldo calmo e sereno dava entrevista no
plenário principal da câmara, dizendo que Eduardo Cunha havia alcançado seu
objetivo estratégico. Só não completou a informação, de que tal sucesso
deveu-se em parte ao auxílio luxuoso da participação, muito pouco ética, de sua
excelência Zé Geraldo.
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