Mac Arthur Park em 1950. Uma área verde no centro de Los Ângeles, serviu de inspiração para a canção de Jimmy Webb em 1967. |
Mesmo que a maioria das canções norte americanas
sejam as mais consumidas, isso não significa que são as melhores, senão que são
as mais bem vendidas, do ponto de vista do marketing. Se eu coloco uma música
como tema de um filme famoso, se a programo como trilha sonora importante da
novela das nove horas, se encho as lojas de discos com este produto ou artista,
parece certo que esse produto vai vender mais. Não por que seja melhor, mas,
por que foi melhor trabalhado em termos mercadológicos. Em se tratando da força
do mercado norte americano, qualquer margem extra conseguida nos demais países
já passa a ser apenas um agregado, um lucro a mais, enquanto uma canção
brasileira, por exemplo, vai encontrar muito mais dificuldades de competir
dentro do nosso próprio país, imaginemos então a dificuldade de acessar
mercados externos. Além da barreira comercial, outros fatores culturais vão
dificultar o acesso a esses mercados, a começar pela língua. Mas, ainda assim,
não são poucos os produtos que ultrapassam as barreiras e chegam ao mercado
externo, como aconteceu com o movimento da bossa nova, um estilo brasileiro que
continua a fazer sucesso no mundo inteiro e particularmente nos Estados Unidos,
o país do Jazz, ritmo no qual se inspirou a bossa nova.
Ainda assim, é possível avaliar-se o produto
musical com critérios bastante técnicos, o suficiente para distinguir o bom do
ruim. Dou um exemplo: no ano de 1968 houve um festival internacional da canção,
promovido pela Rede Globo. Na fase nacional, duas canções chegaram à grande
final. Uma, altamente sofisticada, escrita por dois mestres, um da música
propriamente dita, Tom Jobim, outro o seu parceiro Chico Buarque, um notório
escritor de letras primorosas. A canção dos dois, chamada Sabiá, ganhou o prêmio
do juri. Tratava-se de um poema sobre o exílio, musicalizado e arranjado de
forma brilhante. Ao ser apresentada como vencedora, esta canção foi vaiada no
ginásio Maracanazinho durante todo o tempo de sua apresentação, por uma
orquestra sinfônica, e cantada pelas irmãs Cinara e Cibele, numa apresentação
de nível excelente. A outra canção que com ela foi à final era uma guarânia no
melhor estilo chorão paraguaio, puxada por um violãozinho muito sem vergonha,
tocado pelo seu compositor e cantor. O público a amou e ela foi o maior sucesso
comercial do ano de 1968. Até hoje é aclamada pelo grande público. Seu nome:
"Caminhando (pra não dizer que não falei das flores)" e seu
cantor-compositor era Geraldo Vandré. O que quero dizer com isso? Que "quem
sabe faz a hora e não espera acontecer?". Não, rsrsrs. Na verdade, a
questão do sucesso comercial depende de muitas variáveis e tem pouco vínculo
com a qualidade.
No caso da música norte americana, além das
facilidades de apoio estrutural providas pela tremenda vantagem comercial do
país, eles possuem verdadeira qualidade, derivada de sua vasta diversidade
cultural, pois o país, tal qual o Brasil, é um dos mais miscigenados do mundo,
um conclave de todas as raças e das principais tendências culturas do planeta.
Já é meio caminho andado, né?
Nesta edição da MEMÓRIA HIPPIE, vamos apresentar um
artista norte americano de primeira grandeza, que soube como ninguém usufruir
da infra estrutura proporcionada por sua indústria, mas agregou a ela o
componente fundamental da qualidade. Foi um verdadeiro ícone do século passado,
o único artista a ganhar tres prêmios Grammy's em tres áreas diferentes,
orquestração, poesia e música. Trata-se de um rapaz simples, nascido no centro
geográfico do interior do país, Oklahoma, aclamado como um dos mais brilhantes
artistas da música popular norte americana. Apresento-lhes Jimmy Webb, o gênio
da música, poesia e orquestração.
A canção, "McCarthur Park", é uma
verdadeira obra prima composta em 1967 para o grupo The Association, que se
assustou com o tamanho da canção e abandonou o projeto, originalmente pensado
como uma opereta de 20 minutos de duração, completamente inviável do ponto de
vista comercial. Foi a oportunidade de ouro que o ator Richard Harris
aproveitou para se eternizar, assumindo a tarefa de enquadrá-la nos sete minutos
atuais, amparados pela majestade da Orquestra Sinfônica de Londres.
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