quinta-feira, 21 de julho de 2016

A Sociedade Ideal, na visão de Platão.






A  SOCIEDADE  IDEAL

A REPÚBLICA de Platão é um diálogo suposto entre Sócrates (então já falecido) e dois irmãos mais velhos do próprio Platão, o autor da obra, mais alguns personagens circunstanciais.  É o Diálogo mais célebre de Platão, com dez grandes capítulos chamados de Livros. Cada um deles é dedicado a um tema principal, embora um seja praticamente continuidade do outro.

O Livro 5 fala especificamente das condições de ascensão para a SOCIEDADE IDEAL. 

Durante um debate a respeito do que é a JUSTIÇA, a conclusão a que chegou o personagem Sócrates é que a Justiça se faz quando cada qual executa aquilo que lhe foi confiado pela Sociedade. Segundo esta lógica, ao professor cabe ensinar e ao estudante aprender,  sempre da melhor maneira possível. Conforme a proposição de Platão na divisão em classes,  o artesão produz bens e serviços, o guardião cuida da segurança e da organização da Cidade e aos sábios cabe dirigir e governar. O poder dos governantes deve vir de seu profundo saber, e não de sua posição familiar, ou riquezas acumuladas, ou capacidade de sedução das massas, ou alianças que consegue implementar, etc.  Uma classe especial de dirigentes precisa, pois, de uma educação especial. A este conceito elitista de Platão, o Marxismo gerou uma outra utopia no sentido contrário, de que a classe dos proletários é que deve dirigir a sociedade, extinguindo-se a propriedade dos meios de produção. Entretanto, Platão subverte, mais de dois mil anos antes, a moral conservadora que seria proposta pelo marxismo. Platão imagina a estranha prática que a classe dos dirigentes deveria compartilhar todos os bens materiais e as famílias, incluindo a coletivização dos casais, de mulheres e homens, para terem relações sexuais indiscriminadas e livres, além de compartilharem entre si os filhos que poderiam ser gerados nessas relações. Conceitos assim foram considerados absurdos, já por seus próprios concidadãos e seguidores, incluindo Aristóteles e outros filósofos gregos pós socráticos. 
  
A educação dos Guardiães, de onde serão selecionados os dirigentes, deve ser mais aprofundada do que a dos Artesãos. Aos Guardiães não é permitido ter medo, por exemplo. Também devem ser condicionados a equilibrar e moderar os desejos, incluindo os sexuais. A literatura disponibilizada não deve falar de fracassos nem de derrotas militares. Jamais devem ser contemplados poemas que elogiem personagens maus, coléricos ou demasiado emocionais, para não influenciar a personalidade do futuro Guardião, que deve ser um homem ou mulher equilibrado e digno. A música deve ter papel importante e se deve evitar os cantos fúnebres ou tenebrosos, privilegiando-se composições equilibradas com bom ritmo, harmonia e letras construtivas. De preferência odes elogiosas aos deuses, às boas virtudes como coragem, resistência  e auto-controle, etc. Disciplina e treinamento militar, aliado a regime alimentar e prática da dialética. Os Guardiães também devem ser pobres. “Por terem ouro na alma, não será permitido que o tenham no plano físico”. Segundo Sócrates,  riqueza é origem de muitos defeitos, tais como luxúria,  vícios,  desleixo,  etc..  
As mulheres não devem ser discriminadas em nada. Se, ademais,  forem Guardiãs, devem ser educadas no mesmo nível do homem, apesar de serem intrinsecamente mais fracas. No entanto, algumas atividades e assuntos são tipicamente femininas, como tecelagem e culinária. Na escolha do campo de trabalho, também deve se levar em conta a peculiaridade de procriar e amamentar os filhos.

Os governantes devem zelar para que a Cidade não fique super populosa, mas, também para que não falte população. A melhoria genética deve ser uma preocupação social e, para isso, os acasalamentos devem ser incentivados entre os melhores homens e as melhores mulheres, para a geração de filhos sadios. 
Um dos interlocutores de Sócrates questiona se tal educação não estaria condenando à infelicidade os Guardiães, especialmente aqueles escolhidos para serem dirigentes. A resposta dura e seca é “SIM”. Este é o sacrifício que têm que fazer, em contra partida ao direito de dirigirem a sociedade. 

Perguntado se tudo isso não seria algo irrealizável, Sócrates explana que essa questão é irrelevante. A Cidade Perfeita, antes de existir, deve ser imaginada e planejada, como eles estão a fazer naquele momento. Uma vez concebida a IDEIA da perfeição, cabe à Sociedade buscar as formas de implementá-la da melhor maneira possível.   O ideal seria que FILÓSOFOS fossem os governantes, mas, diante da impossibilidade de assim ser, que se convoquem os homens mais sábios que a Cidade disponha, selecionados entre os melhores Guardiães. Cabe aos dirigentes garantir o processo educacional desde a tenra infância até a idade madura. Assim, cumprindo com seus deveres, todos terminarão seus dias em estado de felicidade, inclusive os Filósofos. 





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