Cheguei à conclusão que a música deveria ser incluída naquela lista de temas tabus, que nunca deveriam ser discutidos, como a política, o futebol e as mulheres. Estávamos conversando sobre o JAZZ, quando fui surpreendido pela citação de um artigo do grande Walter Smeták, publicado numa edição antiga de um tabloide teosofista de Salvador (BA), onde o mestre dizia que o JAZZ é coisa do diabo.
Primeiro, fiquei chocado com o primarismo do conceito, afinal "deus e o diabo" são dois lados da mesma moeda. Um é a sombra do outro. Nós temos o costume de ver os filhos de Lúcifer como anjos das trevas, mas, na verdade, o próprio significado esotérico da palavra revela seu poder. Lúcifer significa 'estrela da manhã', 'filho da alva', 'o que brilha', 'o que traz luz', ou seja, para os seus anjos, a escuridão estaria justamente do outro lado, o nosso. É um pouco chocante, não? Mas, faz sentido. O mundo até a terceira dimensão é sempre dual. Ou isso, ou aquilo. Quando ascendermos a um nível mais profundo de conhecimento, vamos entender que O TODO, o incontestável, o SOM UNIVERSAL, e todos os nomes pelos quais o CRIADOR SUPREMO é chamado, não pode excluir nada. Por isso nós, que somos projetos de deuses em formação, devemos atingir primeiro a INDIVIDUALIDADE, cujo significado não é o que normalmente as pessoas pensam sobre o individualismo, o isolamento do ego, mas, ao contrário, tornar-se INDIVÍDUO significa ter se tornado INDIVISÍVEL, íntegro, por se ter atingido um nível acima da personalidade dividida, ou seja, ter atingido o nível da Consciência, necessário como primeiro passo para se entrar no universo da Espiritualidade, a tríade superior formada pelo mundo Causal, Búdico e Átmico.
Bueno, feita uma primeira explicação sobre a verdade que o diabo não é tão ruim assim, voltemos ao JAZZ. O estilo surgiu entre 1890 e 1910 nas plantações de algodão às margens do Rio Mississipi, com centro vital em New Orleans. Não é muito fácil para um leigo explicar musicalmente o significado técnico do JAZZ, mas podemos dizer que ele é marcado pela improvisação e os ritmos não lineares, ou seja, é um ritmo essencialmente expressivo da criatividade. O jazz tem suas raízes na música negra americana, a partir dos cantos religiosos que os negros acabaram criando dentro da estrutura das igrejas cristãs, justamente por que os escravos estavam proibidos de entoar seus próprios cânticos tribais. Daí surgiram os Spirituals, a partir do qual teve origem o "Rock and Roll" e o "Blues", do qual o JAZZ foi uma evolução no caminho da sofisticação. De fato, o estilo Blues é utilizado para expressar as emoções duais, alegria ou tristeza, ao passo que o JAZZ É PURA CONTEMPLAÇÃO. Sendo assim, seria a música meditativa por natureza.
Existe um mito que a música JAZZ é incompreensível e difícil.
Por ser um gênero essencialmente improvisado, há de tudo.
Inclusive poemas magistralmente musicados e interpretações primorosas
como esta de Ella Fitzgerald, para esta canção de Dizzy Gillespie.
O JAZZ acomoda qualquer coisa.
Há Flamencos JAZZ,
New Age JAZZ,
Arábian JAZZ
e, por que não?, Brazilian JAZZ,
que aliás, estão entre os melhores do mundo.
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