Peregrinas norte americanas descansam da longa caminhada
Santiago de Compostela é um santuário essencialmente jovem. Fotos feitas por mim em 2001 |
Finalizando nossa série de estudos sobre os mitos sagrados do Cristianismo, vamos examinar aspectos relacionados ao Sacramento.
PRIMEIRO
COMPONENTE: O VINHO NOVO
Jesus começou seu
sacerdócio crístico na Terra aos trinta anos de idade. Ele encontrava-se com a
família e alguns discípulos numa festa de casamento em Canaã, quando sua mãe
Maria veio lhe avisar que havia acabado o vinho para servir aos convidados. Jesus, então, manda que lhe
tragam vasilhas de água e as transforma em vinho de alta qualidade. Como antes
estavam servindo um vinho inferior,
alguns frequentadores se espantaram e foram questionar o dono da casa: “É costume primeiro servir o vinho bom. Só
depois, quando a maioria dos convivas já estão amortecidos pela bebida, é que
se coloca o vinho de pior qualidade. Mas, tu serviste primeiro o vinho ruim; e
guardaste o melhor vinho para o final”. Aqui, o significado do “vinho bom” no
Sacramento tem a ver com a missão de Jesus na transformação da humanidade. Ele
veio trazer a “boa nova”, ou seja, o vinho bom, enquanto o que existia antes
era o Velho Testamento Judeu, as antigas Leis, por aquela época ainda acrescidas
das exigências típicas do Império Romano
para suas colônias. Tudo isso representava o vinho velho, ou seja, o vinho ruim
carregado dos vícios e defeitos dos antigos paradigmas entre os povos das 12
tribos de Israel e o Império Romano. O
cenário exigia obediência total. Neste
ambiente, o que se pretendia do Ser era a qualidade de ALUNO.
Aquilo foi substituído
pelo novo paradigma do cristianismo, que deveria resgatar o Plano Divino sobre
a Terra, afim de salvar a humanidade. Aqui, neste contexto, o comprometimento
ético passa a ser sobre valores que se pretendem “permanentes”, e não mais
submetidos apenas ao nível do intelecto, mas também ao nível Moral. O que se
espera aqui é uma dedicação não como “aluno”, mas como “discípulo”, aquele que
age a partir de sua devoção, investigação, pensamento e CAPACIDADE DE SERVIR.
SEGUNDO
COMPONENTE: O PÃO
Já ao final de sua
passagem terrena, Jesus reúne seus apóstolos pela última vez; e agora acrescenta
o PÃO ao sacramento que distribui a seus convidados para a Última Ceia. Se o
VINHO da primeira experiência serviu para apontar o caminho da redenção, agora o PÃO tem o significado de deixar com os Homens a sua
herança crística. Ao contrário do que as igrejas cristãs normalmente pregam, o Sacramento
constituído pelo Pão e Vinho não diz respeito
ao sacrifício de Jesus na cruz, nem é lembrança (ou cobrança) de que seu sangue
serviu para lavar os pecados da Humanidade. O que Jesus distribui no Sacramento
é seu legado, não simplesmente seu corpo e sangue, mas a esperança de ascensão
para níveis mais aperfeiçoados no modo de existir. O legado crístico
distribuído no Sacramento, não é outro senão
o significado de transformação cósmica do Ser Humano, que, assim como Jesus o
fez em sua missão, tem a potencialidade de realizar progressos espirituais
mesmo enquanto ser encarnado. Ou seja, o Ser Humano Crístico tem a
possibilidade de fazer a ascensão para níveis
superiores de consciência, partindo de uma base física sólida e
saudável, evoluindo para a conquista da paz emocional, depois adquire a
capacidade de raciocínio lógico a serviço de seu auto aperfeiçoamento, até que
desenvolve em si as potencialidades da Intuição, que é a porta de entrada para
os níveis superiores da tríade espiritual.
No inspirado mural do
artista italiano Leonardo da Vinci, “A Última Ceia”, o primeiro aspecto que se observa na obra é o agrupamento dos apóstolos
em quatro grupos de três. Uma primeira interpretação evidente é que o
significado da vida está vinculado aos aspectos eternos e perenes: as quatro
estações (primavera, verão, outono, inverno) e os quatro elementos naturais
(água, ar, fogo e terra). Em seguida se observa que os apóstolos estão
agrupados seis à direita e seis à esquerda de Jesus. Este aspecto leva a uma
concepção zodiacal da obra, com os signos representados pela aparência e
postura dos personagens, assim como pela concepção de que os signos dos que
estão à direita, são o lado contrário dos que estão à esquerda de Jesus. Obter
o equilíbrio entre os dois lados é a missão do aprendizado nesta passagem
terrena. Da direita (lado visual e claro) para a esquerda (lado escuro e
inconsciente), observamos que os doze signos zodiacais estão ali representados
e, neste sentido, aqueles doze apóstolos representam a Humanidade inteira.
Portanto, quando Jesus a eles distribui a si próprio, na forma de vinho e pão, está
se distribuindo para todos os homens, independentemente de terem ou não aceito
submeter-se ao cristianismo.
Sobre isto, é interessante notar a nova prática da igreja Católica em distribuir o sacramento de forma energética e coletiva, principalmente em cerimônias de grande presença do público. Ali, não se pergunta se a pessoa fez sua confissão com um padre, nem se foi batizado e crismado na Igreja. São indicadores na Nova Era, assim como a presença deste Papa Francisco à frente do Vaticano também o é, certamente.
Sobre isto, é interessante notar a nova prática da igreja Católica em distribuir o sacramento de forma energética e coletiva, principalmente em cerimônias de grande presença do público. Ali, não se pergunta se a pessoa fez sua confissão com um padre, nem se foi batizado e crismado na Igreja. São indicadores na Nova Era, assim como a presença deste Papa Francisco à frente do Vaticano também o é, certamente.
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