Uma das cenas mais emblemáticas do cinema foi o final do filme "Zorba, o grego", onde um cidadão do povo, grego tradicional, ensina um inglesinho engravatado a dançar, depois da fracassada experiência em que ambos tentaram empreender a exploração de uma mina no interior da Grécia. Anthony Quinn era o "grego", apesar de ser mexicano criado nos Estados Unidos. A propósito, seu último filme foi feito no Paraná, devido a uma "visão" que teve, indicando que deveria procurar uma certa criança na cidade de Guaratuba, para levá-la a educar-se nos Estados Unidos. Já o "inglês" era Alan Bates, que ganhou vários prêmios e foi nomeado "Sir" pela rainha, em retribuição ao seu trabalho pelas artes visuais britânicas. Ambos estão mortos, assim como o diretor do filme, que foi lançado em 1964, mesmo ano do trágico golpe que inaugurou vinte anos de ditadura militar no Brasil.
Nós entrávamos nos anos de chumbo, enquanto o cinema internacional viveria sua era de ouro, com as produções italianas, francesas, espanholas, asiáticas, e, principalmente, norte americanas. Sem dúvida, o principal componente daquele Zorba era a trilha sonora, baseada na música tradicional grega, o que nos leva a pensar que nos primórdios da civilização ocidental, aquele tipo de música animava as festas do período pré-romano, famosas por sua promiscuidade, onde as damas da sociedade serviam de prostitutas ao povo em geral, buscando arrecadar grana para obras sociais e que tais. Que tempos ousados, heim!
Depois, a história da música foi influenciada principalmente pelos cristãos adotados por Roma, instituindo a Igreja Católica como a oficial do império. Isso fez com que Roma sobrevivesse mais uns duzentos anos. Daí se perderam todas, ou quase todas, as raízes do cristianismo original, mas se obteve o grau máximo na cultura musical até então desenvolvida. A idade média fez o encanto dos mosteiros, onde proliferava o canto gregoriano, como nos mostrou o filme "O Nome da Rosa".
Chegamos ao período Barroco, com suas harmonias perfeitas, em intervalos melodiosos e tranquilizantes, que nunca fugiam do padrão. Ninguém ousava nada diferente, do que não fosse agradável ao ouvido, e levasse o distinto público ouvinte ao delírio místico. Inicialmente os solos gregorianos é que prevaleciam, dando as cartas cantantes em apenas sete notas originais, com intervalos de um tom entre elas. Lá por 1500, começou um movimento diferente, o Renascimento, ousando mudanças no campo musical, assim como em todos os demais campos da arte, o que levou a transição para o período clássico. Johann Sebastian Bach foi o principal compositor dessa transição, que deu-se definitivamente lá por 1600, por que ele inventou a escala temperada, que usava semi tons. Assim, as sete notas originais se transformaram em 14, com o uso do bemol e do sustenido. Mas, a música continuava basicamente ao serviço de Deus.
Chegamos ao período Barroco, com suas harmonias perfeitas, em intervalos melodiosos e tranquilizantes, que nunca fugiam do padrão. Ninguém ousava nada diferente, do que não fosse agradável ao ouvido, e levasse o distinto público ouvinte ao delírio místico. Inicialmente os solos gregorianos é que prevaleciam, dando as cartas cantantes em apenas sete notas originais, com intervalos de um tom entre elas. Lá por 1500, começou um movimento diferente, o Renascimento, ousando mudanças no campo musical, assim como em todos os demais campos da arte, o que levou a transição para o período clássico. Johann Sebastian Bach foi o principal compositor dessa transição, que deu-se definitivamente lá por 1600, por que ele inventou a escala temperada, que usava semi tons. Assim, as sete notas originais se transformaram em 14, com o uso do bemol e do sustenido. Mas, a música continuava basicamente ao serviço de Deus.
Quinhentos anos depois da renascença, a música transformou-se num mundo de possibilidades. Houve o período clássico, com suas obras primas de Mozart e seus colegas, as óperas de Verdi e os demais italianos, que anunciavam as telenovelas que viriam quase cem anos depois. E em seguida várias experiências de cunho popular, com a introdução da indústria cultural, separando a música tradicional, erudita, da popular. Porém, a principal experiência da música contemporânea deu-se com a entrada em cena da música negra. Experienciada nos duzentos anos de escravidão nos Estados Unidos, sufocados em sua religiosidade africana original, os negros criaram os "spirituals", hinos cristãos só de negros, que haviam sido convertidos à força para o cristianismo. Desses "spirituals" surgiu o jazz e o blues. Depois, ambos desaguaram no Rock and Roll, que é desde pelo menos 1950 o ritmo predominante no mundo da música. É de longe o maior sucesso popular ao redor do mundo. Há muita porcaria na jogada, mas, existem algumas belas canções inspiradas nos velhos negões escravos do Mississipi.
Lalá,
ResponderExcluirmuito obrigado por nos lembrar de "Zorba". Mas, vou cometer a ousadia de sugerir que o título deste post seja mudado para "Brevíssima história da música ocidental". Isto porque também merecemos ser brindados com um de teus estudos sobre a música feita em outros cantos do mundo, como as danças cossacas, a música dos ciganos, as músicas árabes, a música africana... etc...
Tá certo, Delman. De fato, num texto de 50 linhas, só mesmo focando num só mundo. Para falar da música universal, precisaríamos de 50 volumes.
ExcluirAté hoje, ninguém foi suficientemente corajoso para propor algo assim, pois há incontáveis mundos musicais, se formos falar dos sons que os humanos produzem desde os tempos das cavernas.
Na verdade, este texto é apenas uma brincadeira, um exercício de provocação. Então, o título já fica modificado para os próximos leitores, rs rs rs.