terça-feira, 30 de abril de 2013

Falando fora de hora


No começo dos anos oitenta, havia uma insatisfação com a música de discoteca, aquela que havia substituído o Rock and Roll dos anos setenta. Ninguém mais aguentava dançar tanto tempo, no mesmo ritmo e com as mesmas musiquinhas sem sentido, apenas para balançar, dar as sacudidelas necessárias para entrar no ponto de alucinação, e, pronto! 


Agora entrava no ar certas coisas mais fundamentais, alguns questionamentos mais profundos, vindos de quasares mais distantes no cosmos, numa busca mais sutil por emoções mais sensíveis e refinadas.  

Entrava no ar a Era de Aquarius.


O álbum de 1981 chamava-se "Viajante de Longa Distância" e trazia na capa uma cena imaginária, onde um artista se apresentava a um pequeno agrupamento humano, em alguma aldeia perdida no meio da imensidão medieval.  Ficava clara a ideia de que a cultura era espalhada de forma pessoal, de modo que a presença de um ser espacial não poderia ser ignorada. Ficava a imagem de que este ser viajante especial vinha trazendo algo mais.





Isso não começou de repente, não, mesmo! 
Em 1968, uma peça teatral de grande sucesso mostrava o caminho do que seria a música de qualidade no futuro. A união do rock and roll com o blues. E o misticismo da Nova Era por detrás da depressão existencial ...  Esperança nova no ar!







Apesar da esperança nova que tentava espalhar alguma luz nas trevas, a hecatombe nuclear se anunciava. Alarme falso, mas, como doeu!!!




No meu espelho retrovisor, o sol está baixando
Afundando atrás das pontes na estrada
E eu penso em todas as coisas boas
Que deixamos por fazer
E eu sofro premonições
Confirmo suspeitas
Do holocausto que está chegando

O arame que segura a rolha
Que mantém a raiva dentro
Se rompe
E de repente, é dia novamente
O sol está no leste,
Apesar do dia ter passado
Dois sóis no pôr-do-sol
Hmmmmmmmmmm
Será que a raça humana está partindo?

Como na hora em que o freio travou
E você escorrega para debaixo do caminhão
"Oh não!"
Você congela os momentos no tempo com seu medo
E você nunca mais ouvirá suas vozes
"Pai, pai!"
E você nunca mais verá seus rostos
Você não tem mais o recurso da lei

E enquanto o para-brisa derrete
Minhas lágrimas evaporam
Deixando apenas brasa à proteger
Finalmente eu entendi os sentimentos dos poucos que somos
Cinzas e diamantes
O inimigo e o amigo
Éramos todos iguais no final.


2 comentários:

  1. Adorei o viajante...
    Me levas para passear no tempo...
    Incrível essa viagem. A sensação de insatisfação, instabilidade, de ansiedade por um mundo novo ou algo assim era muito forte e presente em todos. Era um mundo rançoso de hipocrisia que precisava ruir para dar espaço a uma possibilidade de sonhos sobre a verdade, ainda que utópica.

    Suely
    São Paulo - SP

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    1. Trinta anos atrás, o planeta estava sob a ameaça de uma guerra nuclear. O fim anunciado da União Soviética encontrava certos aparelhos stalinistas ancorados em regimes da ásia central e do norte da Europa. Por outro lado, uma permanente cristalização norte americana em torno de valores pseudo cristãos conservadores, com Ronald Reagan à frente de uma coalizão de direita, provocava calafrios em pessoas de inteligência e sensibilidade suficiente para entender o que estava se passando.
      Felizmente nos safamos daquilo que muitos artistas classificaram como o holocaustro humano, o fim da raça no planeta, a guerra nuclear.
      Graças à nós mesmos e nossa espiritualidade, nos safamos de mais aquela! Ficou o poema de Pink Floyd.

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