O texto que segue é o melhor sobre Deus que li nos últimos 55 anos (desde que aprendi a ler). Inicialmente, pensei tratar-se de algo novo e contestador, próprio da juventude, embora tenha sido divulgado pelo pessoal da Eubiose, que eu considero bastante conservadores. No final, li o autor e a data da publicação original. Fiquei pasmo! Depois, fui ler na Wikipedia algo sobre Spinoza e vi que ele nasceu na Holanda, para onde sua família judaica havia se mudado, fugindo à perseguição da Inquisição portuguesa. Está explicado!
"Para de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.
Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.
Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.
Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?
Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.
Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais gostaste? O que aprendeste?
Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.
Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?...
Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.
Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás.
Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti."
( Baruch Spinoza, filósofo, 1632 - 1677 )
Não é impressionante a lucidez deste homem? Como é possível que a seu tempo, quando os reis de Espanha queimavam bruxas na Plaza Mayor, em Madrid, pudesse haver alguém ou algum movimento que expressasse tamanho grau de liberdade? Pensando nesta fantástica contradição, lembrei-me de Bach, o alemão nascido em 1685, que passou a vida a serviço da igreja, mas, promoveu a maior transformação ocorrida na teoria musical, a escala temperada, base de toda a música ocidental. O maior especialista em Bach de todos os tempos é um coral de Londres. Ouvindo o Monteverdi Choir, cheguei a conclusão de que a graça divina sempre esteve em todas as eras. Os homens é que lhe jogam sombras, por que não suportam o brilho de sua Luz.
Não é impressionante a lucidez deste homem? Como é possível que a seu tempo, quando os reis de Espanha queimavam bruxas na Plaza Mayor, em Madrid, pudesse haver alguém ou algum movimento que expressasse tamanho grau de liberdade? Pensando nesta fantástica contradição, lembrei-me de Bach, o alemão nascido em 1685, que passou a vida a serviço da igreja, mas, promoveu a maior transformação ocorrida na teoria musical, a escala temperada, base de toda a música ocidental. O maior especialista em Bach de todos os tempos é um coral de Londres. Ouvindo o Monteverdi Choir, cheguei a conclusão de que a graça divina sempre esteve em todas as eras. Os homens é que lhe jogam sombras, por que não suportam o brilho de sua Luz.
caracas...kkkk....Oh Deus...acho que sua casa está toda bagunçada.
ResponderExcluirO conceito sobre a energia divina expressado neste texto de Spinosa, corresponde a uma certa visão budista da divindade. Já percebeu que o símbolo religioso dos budistas é um homem gordo, sentado e sorrindo, enquanto o dos cristãos é um homem pregado na cruz? Osho tinha idéia semelhante, quando dizia que o que importa é o "aqui agora" e que um buscador aprenderia mais se ficasse simplesmente observando uma pedra, do que ouvindo pregações sem fim nos templos religiosos.
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