quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Memórias, para que te quero?




Em 1974 eu tentava a vida em Curitiba. Foi quando me apareceu uma moça ligada ao MR8 e ao centro acadêmico da minha faculdade. Achando graça no meu modo de ser, me pediu em namoro no momento em que me presenteou com o álbum "The Dark Side of the Moon".  

Foi minha introdução ao amor e ao rock progressivo. Eu já tinha visto um show do grupo "O Terço", já conhecia o disco "Milagre dos Peixes",  admirava "Crimson and Clover, over and over", que fazia a voz do cantor entrar por canos de órgãos eletrônicos, produzindo sons distorcidos, como distorcidos eram os acordes de Jimmy Hendrix nas esquisitas guitarras. Mas eu gostava mesmo era dos countries de Bob Dylan e Neil Young. Se é que dava para entender o que aqueles caipiras diziam naquele sotaque estranho,  que meu fraco inglês não podia decifrar.

O Brasil vivia o caos do fechamento cultural e político. A ditadura não permitia nada, nem filmes, nem músicas, nem livros. Tudo que entrava aqui tinha que passar pela censura do regime fascista. Vivíamos a transição de Médici para Geisel.  A propaganda oficial havia apresentado o General Garrastazu como sendo descendente dos Médici italianos, os patrocinadores do gênio do renascentismo, Leonardo da Vinci, entre outros. Mas, este nosso Médici se comportava como um facínora de Hitler.  Assim é a propaganda... de modo que a expectativa de um general alemão que vinha ali, como sucessor do Garrastazu ainda era a pior possível, porém, Geisel se mostrou bem mais centrado e inteligente. Entendia de geo-política, coisa que os generais anteriores ignoravam. Ele viu que a ditadura já estava desgastada e que o Brasil precisava se abrir ao mundo, se quisesse efetivamente virar a potência que os militares haviam projetado.  Então lançou o projeto "Anistia", para pacificar e reorganizar o país, o que de fato só foi acontecer no ano de 1979, com seu sucessor João Batista Figueiredo.

Nos anos oitenta explodiu o rock brasileiro, junto com a explosão de todas as demais formas de arte e manifestação popular no país. Agora, as festas rolavam Brasil afora, animadas pelo vai-e-vem-das-suas-cadeiras, conforme cantava o jovem mestre Cazuza. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário