Em 1974
eu tentava a vida em Curitiba. Foi quando me apareceu uma moça ligada ao MR8 e
ao centro acadêmico da minha faculdade. Achando graça no meu modo de ser, me pediu em namoro no momento em que me presenteou com o álbum "The Dark Side of
the Moon".
Foi minha introdução ao
amor e ao rock progressivo. Eu já tinha visto um show do grupo "O
Terço", já conhecia o disco "Milagre dos Peixes", admirava "Crimson and Clover, over and
over", que fazia a voz do cantor entrar por canos de órgãos eletrônicos,
produzindo sons distorcidos, como distorcidos eram os acordes de Jimmy Hendrix nas esquisitas guitarras. Mas eu gostava mesmo era dos countries de
Bob Dylan e Neil Young. Se é que dava para entender o que aqueles caipiras diziam
naquele sotaque estranho, que meu fraco inglês não podia decifrar.
O Brasil
vivia o caos do fechamento cultural e político. A ditadura não permitia nada,
nem filmes, nem músicas, nem livros. Tudo que entrava aqui tinha que passar
pela censura do regime fascista. Vivíamos a transição de Médici para
Geisel. A propaganda oficial havia
apresentado o General Garrastazu como sendo descendente dos Médici italianos,
os patrocinadores do gênio do renascentismo, Leonardo da Vinci, entre outros. Mas, este nosso Médici se comportava como um
facínora de Hitler. Assim é a
propaganda... de modo que a expectativa de um general alemão que vinha ali, como sucessor do Garrastazu ainda era a pior
possível, porém, Geisel se mostrou bem mais centrado e inteligente. Entendia de geo-política,
coisa que os generais anteriores ignoravam. Ele viu que a ditadura já estava desgastada e que o Brasil precisava se abrir ao mundo, se quisesse
efetivamente virar a potência que os militares haviam projetado. Então lançou o projeto "Anistia",
para pacificar e reorganizar o país, o que de fato só foi acontecer no ano de
1979, com seu sucessor João Batista Figueiredo.
Nos anos
oitenta explodiu o rock brasileiro, junto com a explosão de todas as demais
formas de arte e manifestação popular no país. Agora, as festas rolavam Brasil
afora, animadas pelo vai-e-vem-das-suas-cadeiras, conforme cantava o jovem
mestre Cazuza.
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