Poderia ser uma roda de samba na Bahia. Mas é uma "roda de blues" no Mississipi. |
O Blues é um ritmo negro nascido nos campos de algodão do sul dos Estados Unidos. Foi derivado dos cantos religiosos, conhecidos como spirituals, mas, desenvolveu-me mais como música caipira, feita para expressar as tristezas de uma vida dura, como era a rotina dos ex escravos, pobres e submetidos a todo tipo de humilhação e preconceito. Não raramente, o Blues esteve associado com os bairros de prostituição das cidades de maior porte, bem como com a música dor-de-cotovelo.
Hoje, os negros formam um formidável mercado consumidor de 40 milhões de indivíduos de classe média nos Estados Unidos, algo invejável até para países de economia sólida e boa distribuição de renda. Isso foi possível graças ao sistema de formação acadêmica e profissional, antes proibidas aos negros, e que foi implantado à ferro e fogo pelo poder central a partir do governo Kenneddy (1961), contra a resistência dos estados racistas e conservadores. Isso se deu principalmente devido ao conceito de Reserva de Cotas Raciais, ainda em discussão no Brasil, algo que aterroriza nossa classe média, assim como incutia medo nos norte americanos de 50 anos atrás.
O Blues também ascendeu socialmente. A partir das bandas inglesas dos anos sessenta, que nele se inspiravam, o ritmo foi gradualmente conquistando admiradores fora dos Estados Unidos. Hoje, faz parceria com o seu irmão siamês, o Rock and Roll, entre os estilos que mais rendem faturamento no mundo da música. Ainda que a venda de discos esteja decrescendo de forma radical, outros campos são abertos, como o da Internet e apresentações ao vivo, onde os cantores e bandas de Blues sentem-se à vontade e fazem grande sucesso.
Aqui, uma lembrança dos tempos pobres. O cantor e guitarrista B.B.King costumava se apresentar com esta canção nas penitenciárias dos Estados Unidos. Evidentemente, a grande maioria da platéia era formada por negros. Lá, como cá, a triste realidade social. Felizmente, algo mudou por lá, principalmente a auto estima dos cidadãos negros, em parte graças ao esforço de artistas como B.B.King, que tornou-se um mega star da indústria cultural e se apresentava para ricos e pobres, brancos e negros, pregando apenas a alegria de viver, idolatrado pela juventude roqueira européia e mundial. A revista norte americana Rolling Stone o colocou no pódium dos três melhores guitarristas da história, na companhia de Jimmy Hendrix e Eric Clapton.
Não espere que as canções Blues sejam revolucionárias ou preguem transformações sociais. Não! Estas acontecem por conta do próprio movimento social. O que os bluezeiros querem é apenas balançar, amar, sonhar e cantar suas dores e alegrias. Como qualquer outra música do planeta ...