Se o o que rola nas redes sociais tipo "facebook" serve de modelo da realidade, vamos mal! Principalmente vamos mal se o foco de análise for a capacidade das pessoas de interagirem-se, de se colocarem em pontos de vistas diferentes mantendo a dignidade e o respeito pelo semelhante, ou seja, de se comportarem de forma civilizada.
Depois de trinta anos de redemocratização, o que vemos são agrupamentos políticos interessados apenas nos próprios umbigos, disputando de forma raivosa os espaços públicos e o poder. A política já não se constitui em ferramenta de evolução social e pessoal, mas, é apenas o território perigoso da mentira e da supostamente esperta enganação.
Tirando raríssimas exceções, os posts aqui colocados estão a defender uma posição solidificada e tão firmemente ancorada em interesses pessoais, que perdeu-se o sentido do debate.
Na campanha eleitoral em curso, por exemplo, vemos de um lado o pessoal do governo a espalhar mitos e meias verdades, como valores absolutos que justificam sua permanência no poder, que não querem largar de maneira nenhuma, custe o que custar. Um deputado do PT de Pernambuco chegou a afirmar "Fui um bom oposicionista no passado. Depois que virei governo, gostei tanto da brincadeira que não saio daqui nem puxado por tres juntas de bois". E quando as "tres juntas de bois" significam mais do que o seu valor em ouro, agregando nesse desejo um enorme ego metro-umbilical, percebe-se o baixo nível de qualidade pessoal dos que estão envolvidos em "ser governo", e o que isso significa para a nossa cidadania em geral. Ao mesmo tempo, cuidam de desacreditar e jogar no ridículo todos os seus adversários, tratando-os de maneira torpe e desrespeitosa.
Apoiadores do governo Dilma ridicularizam adversários |
Quando os militantes do PT e de alguns partidos aliados, notadamente os do PCdoB, colocam no mesmo saco de gatos todos os que lhes fazem oposição, na verdade não querem discutir nem debater coisa alguma. Apenas tratam de agredir seus "inimigos". Para estes governistas, a manutenção do Poder em suas mãos (ledo engano, já que o "poder" real no Brasil nunca mudou de mãos), é o objetivo fundamental de suas atividades políticas. Vejam que eles costumam chamar pejorativamente de "coxinhas" todos os grupos oposicionistas, desde o mais burocrático parlamentar do PSDB ou PFL, notórios liberais conservadores, até o mais empedernido militante comunista do PSTU, PCB ou PCO, que usualmente estão milhas mais à esquerda que o PT e o PCdoB. E propositalmente se esquecem que a sustentação do governo se dá por personagens tragicamente ligados à ditadura militar, ao latifúndio e às elites eternamente dominantes no país, gente como José Sarney, Fernando Collor, Renan Calheiros, etc, agrupados em partidos muito mais conservadores e corporativistas do que os da oposição pequeno burguesa.
Favela de Bombaim, India, é apresentada na mídia internética como se fosse localizada nos Estados Unidos |
Dentro da campanha insidiosa de desmoralizar qualquer oposição, os governistas tentam conectá-la simbolicamente com os valores norte americanos, numa suposta manifestação anti capitalista, não fosse o Brasil de Dilma uma das mais atraentes aplicações financeiras para o capital internacional, graças aos juros estratosféricos que pagamos. Recentemente, militantes petistas fizeram circular uma foto, supostamente tirada de uma favela na cidade de Detroit, afim de caracterizar a "decadência do capitalismo". Felizmente, graças ao novo mundo inter-conectado em escala global, rapidamente vários posts reportavam a verdadeira fonte informativa de onde veio aquela foto: uma revista inglesa sobre economia e desenvolvimento, mostrando a cidade de Bombaim, na Índia, sobre a qual a revista fazia extensa reportagem, falando de seu novo planejamento urbano, aliás, coisa inexistente nas grandes metrópoles brasileiras administradas por petistas ou aliados.
Por outro lado, fazendo de conta que os governistas estão todos metidos em profundas encrencas morais e criminais, o que no fundo não é verdade, corre o rio de larvas ardentes da oposição. Quem vê os posts do suposto candidato que vai renovar os princípios morais e éticos da política, pensa que o cidadão nasceu puro e santo, nesta santa manhã sacramentada pelos deuses das boas intenções.
É um diálogo de surdos e tenho dúvidas se alguém, em uso são de suas capacidades mentais, vai definir seu voto ou sua opinião com base nesses tão precários debates. E pior, nada indica que durante a campanha eleitoral, algo vá mudar para melhor, ao contrário. A própria urna eleitoral eletrônica começa a ser objeto de questionamentos, logo ela, um dos orgulhos da tecnologia nacional. A cada eleição o Tribunal Superior Eleitoral chama os partidos para que indiquem técnicos ou representantes, afim de participarem de auditorias sobre a confiabilidade do processo de votação e apuração das eleições. Além disso, várias entidades internacionais também são acionadas com esse fim, uma vez que os partidos raramente se interessam pelo assunto. Pois, no momento de apuração dos resultados, sempre surge um ou outro político, normalmente derrotado, colocando em dúvida a respeitabilidade do processo, que, na verdade, representa um grande avanço nas práticas eleitorais do Brasil arcaico, que sempre votou por cabresto. Se ainda existe algum, estes cabrestos se dão ao nível da campanha mesma, dos programas televisivos e das propagandas enganosas, por que a eleição brasileira está entre as que melhor se apuram no planeta.
A triste realidade mostra que, infelizmente, talvez sejam nossos próprios partidos políticos que não a mereçam!
Há quase cinquenta anos, um compositor letrista foi perseguido e proibido no país, por que descrevia em seus versos a realidade de um Brasil submerso no terror e na ignorância. Será que, às portas da Era de Aquario, teremos que novamente conviver com um país dominado por oligarquias midiáticas, em plena era da informação? Será que a política estará repetindo as práticas nazi-fascistas da ditadura militar? Será que voltaremos a eleger candidatos, a partir de suas propagandas enganosas, sem qualquer debate que esclareça o eleitor sobre a natureza e personalidade dos representantes que está escolhendo?
Espero sinceramente que não!