Ruínas do Teatro de Éfeso, Grécia. |
A REPÚBLICA de Platão é um diálogo suposto entre Sócrates (então já falecido) e dois irmãos mais velhos do próprio Platão, o autor da obra, mais alguns personagens circunstanciais. É o Diálogo mais célebre de Platão, com dez grandes capítulos chamados de Livros. Cada um deles é dedicado a um tema principal, embora um seja praticamente continuidade do outro.
O Livro 5 fala especificamente das condições de ascensão para a SOCIEDADE IDEAL. Nele encontramos a DIALÉTICA DA LINHA DIVIDIDA, mostrando que o conhecimento é fundamental para a ascensão em direção ao BEM, ou seja, ao estado de excelência do ponto de vista individual tanto quanto social.
DIALÉTICA DA LINHA DIVIDIDA.
Do mundo ‘SENSÍVEL’ ao mundo ‘INTELIGÍVEL’
A construção da Cidade Ideal é um longo processo de acumulação de conhecimento. Em sua utopia, Platão apresenta conceitos completamente radicais e revolucionários, tais como a dissolução da família no contexto da classe dos Guardiães, de onde seriam escolhidos os futuros dirigentes do Estado. Haveria controle da natalidade e os casais seriam formados de modo a acasalar os homens e mulheres mais preparados. O mundo do Trabalho seria exercido em condições de igualdade entre homens e mulheres, segundo as aptidões naturais de cada um. O sistema educativo deve ser aprimorado para formar bons trabalhadores, sem distinção de privilégios ou poderes especiais entre as classes. Deve-se incluir a formação que leve ao conhecimento da ideia do BEM como objetivo supremo da Cidade. Sobre o BEM, Sócrates explica o caminho para alcançá-lo, o qual definiu como a Dialética da Linha Dividida.
Tanto o conhecimento quando a verdade são coisas belas. Mas o BEM é distinto deles e os supera em beleza, assim como a visão permite ver a claridade do Sol, mas não é a Luz. Podemos dizer que a visão é algo solar, por que só é útil junto com a Luz, mas não se confunde com a Luz nem é o Sol.
Assim como o sol confere credibilidade às coisas, através da Luz, a verdade essencial das coisas só é possível através do Conhecimento, caminho formado etapa por etapa a partir da Opinião, passando pela Crença, que pode ser elaborada como Entendimento a partir da Inteligência, até atingir o objetivo maior, que é o BEM. De outro modo, podemos dizer que o CONHECIMENTO é a passagem do mundo das sombras (sensível) para o mundo das ideias (inteligível).
Para Platão, o BEM deveria ser o objetivo supremo de toda Cidade, por que nele estão as essências de todas as coisas, dado que o estado de ignorância decorre da incapacidade de percepção das coisas reais, motivada pelas Trevas e Sombras. O caminho da Ascensão ao mundo do BEM começa com o desenvolvimento de opiniões e conjecturas, que levam à formação das Crenças. Para o esclarecimento da essência das coisas, é necessário acessar o Mundo Inteligível, constituído pelas Ideias e Objetos Matemáticos, que se formam a partir do conhecimento científico aperfeiçoado e testado pela Dialética, ou seja, no confronto desses conceitos complexos com as realidades que os cercam, estará a Verdade.
O BEM é o atributo que confere Verdade às coisas do mundo inteligível, assim como o SOL confere verdade às coisas do mundo sensível. Neste sentido, BEM e SOL são as duas faces de uma mesma coisa, a busca da felicidade.
Nem tudo que é belo, bom e justo dura para sempre. Tampouco a barbárie é eterna. |