segunda-feira, 16 de julho de 2012

O FIM DE UM GRANDE AMOR - Don't Think Twice, it's All Right


A despedida definitiva de dois amantes é a coisa mais triste da experiência amorosa. Dependendo da intensidade do amor vivenciado, chega a ser comparada a dor da morte de um ente querido. No ano 1600, o poeta samurai japonês Bashô fez um hai-kay que sintetiza o que significa o rompimento de um amor:

Você vai
Eu fico
Dois outonos 

Existem milhares de canções sobre o fim de um casamento. Algumas bregas, outras mais românticas, mas, a verdade é que certos poetas conseguiram chegar ao supra sumo da emoção resultante da dor da despedida, retratada naqueles poemas que dá vontade de chorar até nas gentes mais empedradas e duras de coração.





Bob Dylan foi (ainda é, por que não morreu, mas, não é mais o mesmo) um especialista em fazer chorar. Suas canções geralmente retratam o amor pela terra e pelas tradições campeiras dos Estados Unidos, seja no expressar sentimental do cow-boy rude, verdadeiro e ingênuo, seja na simples exaltação da energia de amar. Muitas de suas interpretações são incompreensíveis, por que carregadas pelo sotaque caipira dos grotões norte americanos, onde vai buscar sua inspiração e motivos para compor. Algumas letras, também são cheias de erros elementares de linguagem, propositalmente colocadas para expressar a cultura dos desolados cantões daquele país, já que o próprio Dylan era bem versado nas letras, tanto que escolheu o apelido Dylan, como homenagem ao conceituado poeta inglês, Dylan Thomas, ao invés de usar seu prosaico sobrenome judeu, Zimmerman. 


Aqui o vemos num show junto com Eric Clapton, que parece tratá-lo com a reverência que se deve a uma majestade, e olha que disso entendem os britânicos!



Entretanto, a melhor interpretação desta canção foi performada por sua primeira namorada em Nova Yorque, onde chegou pobre e solitário no início dos anos sessenta, e foi adotado pela então já consagrada cantora e compositora de origem boliviana,  Joan Baez.


Um comentário:


  1. Esta canção de Dylan é do tempo em que ele era muito senhor de si, diria mesmo "egocêntrico". Se auto achava o máximo; e que era direito seu ter as garotas todas aos seus pés. Quando não era correspondido como desejava, jogava as chamas do inferno contra a desafortunada. Foi assim com a famosa Like a Rolling Stone, que, ao contrário do que muita gente pensa, não tem nada a ver com a banda de Mick e Keith, mas, um desabafo contra uma paquera que não lhe deu bola o suficiente. Quem traduza a letra, percebe claramente que ele deseja que a menina se estrepe no mundo e fique perdida como uma "pedra a rolar". Aqui, neste Don't Think Twice, ele lamenta que está partindo sem ter conseguido dominar ou conquistar a garota. Chega a ser claro quanto a isso, quando diz "eu te dei meu coração, mas você queria minha alma". Ora bolas, talvez a garota quisesse apenas passar um tempo, sem grande compromisso, e isso teria sido ótimo, não é? Que bom quando o amor se dá sem paixões, sem dominações, sem grandes dramas ou sofrimentos, apenas aquela sensação de paz e serenidade, sem a esperança da eternidade!

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