"Amar é mel e fel", já nos resumiram milhares de poetas ao longo dos milênios. Os sábios de todos os tempos estão sempre a nos explicar a natureza do amor, que pode ser definido numa frase bem curtinha: "O amor é poço onde se despejam lixos e brilhantes, orações, sacrifícios, traições..." . Estas frases pertencem a canções de amor. São definições cortantes e pontiagudas, que colocam sempre os amantes em situação de risco, "dançando nas cordas bambas de uma viola vadia". Mesmo assim, todo mundo quer amar, por que a sensação de estar amando é a suprema realização humana. Não há dinheiro que compre o amor, embora o cínico escritor Nelson Rodrigues tenha dito que o dinheiro é tão poderoso que compra até amor sincero. Pode ser, mas, com ou sem dinheiro, "o importante é amar".
Todos os que se aventuram pelos caminhos do amor, estão sujeitos a diversificadas armadilhas, de todos os tipos e calibres. Porém, talvez a mais terrível delas seja o CIÚME. Ele é insuportável, tanto para quem o sente, como para o objeto de sua ação devastadora, ou seja, o ser amado. A pessoa que sente ciúmes é tremendamente infeliz e provoca o infortúnio de seu par, através do seu doentio sentimento de posse. Por que o ciúme não é outra coisa, senão o desejo de submeter o ser amado ao controle do ciumento. Porém, assim como qualquer droga, o viciado em ciúme nunca estará satisfeito. É como uma rosca sem fim. Quanto mais segurança o amante tentar lhe passar, quanto mais mostrar-se exclusivo e solidário, mais o ciumento procurará motivos para expressar sua desconfiança, sua baixa auto estima, seu sentimento de posse, ou seja lá o que se queira expressar com esse componente negativo da relação amorosa.
O ciúme é mesmo traiçoeiro, mas pode até servir de charme na relação, especialmente quando esta encontra-se amortecida e sem muito brilho, devido a rotina ou qualquer outro motivo, que leva um ou os dois amantes ao desinteresse pela pessoa amada. Quando praticado em doses bem moderadas, com elegância e bom humor, é capaz de nos devolver a paixão e o tesão pelo objeto do nosso amor. Nestes casos, o ciúme demonstra ao par o quanto é desejado pela nossa cara metade ciumenta, desde que não se vá além do sutil limite entre demonstração de interesse e desejo de posse. Dentro deste precioso limite, me arrisco a dizer que o ciúme até nem é tanto ciúme, mas um encantador jogo de sedução. Claro que é maravilhoso quando notamos o quanto o ser amado nos quer, a ponto de se interessar pelo que andamos fazendo quando não estamos na sua presença, e manifestar claramente o desejo de nos ter, que vem misturado com a preocupação de não nos perder.
Existem belas canções de ciúmes. Uma das mais eloquentes, sinceras e amorosas, é a que John Lennon fez para Yoko Ono, reconhecendo seu terrível sentimento de insegurança e desconfiança, buscando superá-los no emocionante pedido de perdão, necessário para renovar os laços que o prendiam à valorosa militante pacifista e artista plástica japonesa.
Adorei!!!!
ResponderExcluirmuito bom, música com qualidade.
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