Quando John Lennon decretou que The Beatles eram mais populares do que Jesus Cristo, houve um assombro de indignação no mundo conservador. Apesar disso, ele estava certo. Se fosse considerar a popularidade dos Beatles no Japão e outros países asiáticos, na União Soviética, na África e no Oriente, os fans da banda de rock eram em número bem maior que que os cristãos que habitavam o mundo. Depois, Lennon prosseguiu com suas provocações sutis e inteligentes, constatando que "o sonho acabou". Referia-se, claro, ao imaginário hippie de construção de um novo mundo, baseado (opa!) no amor e na paz, contra a guerra e o ódio. Daí houve outro assombro de indignação, só que agora entre os cabeludos rebeldes e suas musas da contra cultura, que tinham acabado de realizar o festival de Woodstock nos EUA e, em vista do fenômeno que foi aquele encontro de paz e amor, achavam que o ídolo mais articulado do quarteto de Liverpool estava literalmente gagá e ultrapassado.
Em seguida, os Estados Unidos recrudesceram a guerra contra os Vietcongues, vários golpes de estado seguiram-se ao da ditadura brasileira, acabando com a democracia em importantes partes do mundo, inclusive em países clássicos como a Grécia, nossa mãe da democracia; assim como em terras latinos-americanas como Argentina, Chile, Peru, Bolívia e Uruguai; em continentes como Ásia, África e Oriente. Num intervalo de tres meses, morreram de overdose os ídolos da juventude revolucionária, Jimmy Hendrix e Janis Joplin. Pronto! O sonho tinha mesmo acabado e ainda tínhamos que ouvir as brincadeiras sem graça dos nossos obtusos adversários conservadores, "se o sonho acabou, então vamos comer bolos", gozavam tais tipos ignorantes, que só estavam interessados em nos desmoralizar, afim de se aproveitarem da liberdade sexual que nós havíamos arduamente conquistado, lutando nos campos da batalha moral contra o status quo então estabelecido.
Quando chegaram os tempos de chumbo, precisávamos de um colo amigo, de alguém que cantasse suavemente aos nossos ouvidos, que nos embalasse na travessia do pesadelo. Muitos artistas se prontificaram a esse papel. Um deles foi Neil Young, um caipira que veio do Canadá para tocar guitarra na Califórnia. Inicialmente entrou na lendária banda The Buffalo Springfield, mas, acabou fazendo outra carreira paralela, cantando suas doces canções que falavam de amor simples e de solidariedade, da sua busca por um coração de ouro, que propositalmente confundia com a expressão "heart of gold", filão de ouro, o ideal dos velhos colonos que iam ao velho oeste em busca de fortuna fácil. Esta canção foi o maior sucesso country na primeira metade da década de 1970. E olhe que ela não tem qualquer apelo comercial. É apenas o sonho de um rapaz norte americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior, um Belchior canadense, para ficar mais claro, ora bolas...!!! Ele ganhava seu pouco dinheiro cantando improvisadamente em bares e acampamentos hippies, ao longo da costa do Pacífico norte americano.
Quando chegaram os tempos de chumbo, precisávamos de um colo amigo, de alguém que cantasse suavemente aos nossos ouvidos, que nos embalasse na travessia do pesadelo. Muitos artistas se prontificaram a esse papel. Um deles foi Neil Young, um caipira que veio do Canadá para tocar guitarra na Califórnia. Inicialmente entrou na lendária banda The Buffalo Springfield, mas, acabou fazendo outra carreira paralela, cantando suas doces canções que falavam de amor simples e de solidariedade, da sua busca por um coração de ouro, que propositalmente confundia com a expressão "heart of gold", filão de ouro, o ideal dos velhos colonos que iam ao velho oeste em busca de fortuna fácil. Esta canção foi o maior sucesso country na primeira metade da década de 1970. E olhe que ela não tem qualquer apelo comercial. É apenas o sonho de um rapaz norte americano, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindo do interior, um Belchior canadense, para ficar mais claro, ora bolas...!!! Ele ganhava seu pouco dinheiro cantando improvisadamente em bares e acampamentos hippies, ao longo da costa do Pacífico norte americano.
Depois, quando entraram os anos noventa, fundou o estilo "grunge", sofisticando o velho rock and roll. Antes de meter uma bala na cabeça, Kurt Kobain, o líder da banda Nirvana, deixou um bilhete com os versos do refrão da canção onde Neil lançava o novo estilo: "Hey Hey, Hi Hi / Rock and Roll wil never die --- Hi, Hi, Hey, Hey / Rock and Roll is still the same". Para a terefa de reinventar o Rock, Neil Young foi ao submundo de Los Angeles buscar dois mexicanos perdidos nas drogas. Juntou a eles dois canadenses bem comportados, os internou a todos numa casa num costão do Pacífico e ficou meses experimentando o novo estilo. Não sei se usavam drogas nesse confinamento, mas, criaram obras primas. Já aclamados pela crítica, a banda Crazy Horse produziu um clipe dirigido por ninguém menos que o cineasta Jim Jarmush, o grande revolucionário do cinema alternativo norte americano.
Hoje setentão, Neil Young baixou um pouco a bola, depois que passou por uma cirurgia para remover um tumor alojado junto ao cérebro. Mas, continua fazendo chover. Seu encontro anual com os amigos Crosby, Stills e Nash, é sempre um acontecimento nacional na América do Norte, especialmente por que celebra 40 anos de militância anti guerra e pelo desenvolvimento social, batalhas nas quais os quatro amigos sempre estiveram envolvidos.