quinta-feira, 3 de abril de 2014

Kafka tinha razão



Todas as instituições da sociedade estão em franca decadência, a começar pelos partidos políticos, todos. A Justiça nos proporcionou um pequeno alento, quando o Barbosão a botou nos eixos ao processar a quadrilha mensalista, mas, não resistiu nem um ano e já voltou ao padrão podre de sempre. O Governo executivo nas tres instâncias de poder é um grande agente de benefícios mútuos, não para a sociedade, mas, para os bandos neles encastelados. O Legislativo não passa do balcão de negócios de sempre, quase nunca desalinhados dos negócios dos Executivos, tanto que a gestão do Estado é tocada principalmente por parlamentares que, no Brasil, ao assumirem um cargo de secretário ou ministro, não necessitam renunciar. Absurdo completo, inexistente em outros países. O sujeito larga um mandato de representante popular e passa milagrosamente para administrador do executivo, mas, reserva sua vaga no legislativo, ficando o suplente sob seu cutelo e sob o cutelo daqueles que convidaram o ilustre parlamentar, que assim terceiriza seu mandato popular em serviço das quadrilhas instaladas no Estado. Ao menor sinal de infidelidade, ou quando o executivo precisa garantir certas votações comprometedoras, lá vai de volta o ilustríssimo secretário a assumir de volta seu posto de representante popular, nem que seja por apenas tres dias. Depois se revogam as disposições anteriores e ele volta ao executivo, fazendo todos os eleitores de palhaço. Nada vai lhe acontecer por que, na imensa maioria dos casos, será reeleito... É de rir! É o país da piada pronta! Rio mais ainda de vocês, que levam este país à sério. Me incluam fora, por favor! 



É mesmo niilista a realidade nua e crua do mundo político. Diria mais: É Kafkiano. Agora mesmo, soube que o processo do "mensalão tucano" saiu do STF para a justiça comum de Minas Gerais, por que seu principal réu, o ex governador Eduardo Azeredo, renunciou a seu atual mandato de deputado federal, perdendo o direito a foro privilegiado. Evidentemente que a jogada do Azeredo foi sensacional, ao melar o julgamento de si mesmo, pois, levando o processo para o tribunal de justiça mineiro, ele deve saber que ali terá todos os meios de enrolar até que esteja bem morto e enterrado, ou que os crimes tenham prescrito. Poderá facilmente voltar ao parlamento, nacional ou estadual, dentro de menos de um ano. Jogada genial mesmo, não fosse ela reflexo da podridão moral do país. Em qualquer estado minimamente respeitável, isso causaria imediatamente comoção nacional e seu banimento da política. No Brasil, vai ganhar ainda mais admiradores, não bastasse o episódio por ele protagonizado onde, estando o estado de MG debaixo de forte enchente, sua excelência o governador saiu em férias pela Europa. 




Parece aquela do falecido toninho-malvadeza, o ACM, que colocou um desembargador em sua chapa de senadores, elegendo os dois. Ele, que já tinha no bolso do colete todo o judiciário baiano, ganhou ainda mais influência ao inserir a inveja e a disputa entre os digníssimos senhores operadores da justiça, no nível mais alto do estado baiano. Coisas da Bahia? Não! Coisas de SC, PR, SP, RJ, RS, MG, CE, PE, GO, AM, AC, RO, MA, etc, etc, etc. Pra mim, chega! Vou pagando meus impostos mansamente e de cabeça erguida, afinal, sou um dito cidadão respeitável e ganho quatro mil cruzeiros por mes, mas, não vou ficar sentado no sofá da sala, com a boa cheia de dentes, esperando a morte chegar (Obrigado, Raul Seixas!)




Um comentário:

  1. Que desencanto olhar o cenário brasileiro e constatar que tudo está tão perfeitamente tecido para a corrupção que nem temos a esperança de imaginar que algum fio da rede possa romper-se para ajudar a desfazer o nó. Dá nojo.

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