É comum dentro dos movimentos espiritualistas, principalmente no kardecismo e nas religiões de base africana, a crença nos ESPÍRITOS OBSESSORES, seres que habitam regiões do umbral astral, certamente abaixo da nossa posição evolucional, que vêem atormentar a nossa vida, causando doenças, prejuízos, péssimas vibrações, etc. Normalmente seriam parentes ou amigos, com os quais tivemos problemas em encarnações passadas, e que agora se vingam dessa forma. No entanto, nós nunca pensamos naqueles seres que estão acima de nós, dentro da mesma escala evolucional, aos quais estamos sempre pedindo proteção e ajuda para tudo. Anjos da Guarda, Mentores Espirituais, Santos, Guias, seja o que for, devem estar cansados com nossos eternos pedidos. Mal formulamos um, e já estamos solicitando um novo milagre, de preferência a ser realizado imediatamente, independente de termos ou não os méritos necessários para justificar a graça. É ajuda para as finanças, as doenças, as desilusões amorosas, até para nos livrar dos obsessores. Alguém já pensou que nós somos os OBSESSORES de nossos guias superiores?
Uma primeira e básica noção de evolução espiritual seria tanto perdoarmos (pra valer) os que nos obsediam, quanto começarmos a não atrapalhar os seres do nível superior. Uma postura assim significa respeito às hierarquias naturais, a obediência aos ciclos naturais da circulação da energia universal. Este é o estado natural de aprendizagem espiritual. Corresponde ao estado de MAGIA, utilizado pelos Mestres para se alinharem com o Universo.
A evolução espiritual só é possível com a prática de exercícios espirituais, assim como os exercícios físicos são básicos à saúde física. Uma pessoa dedica horas do dia para o adestramento físico, em caminhadas, ginásticas, academias disso e daquilo, mas, quanto tempo está dedicando ao exercício do espírito? Quanto dedicamos à meditação e oração, quanto tempo ao trabalho voluntário e desinteressado, quanto à caridade pura e simples?
Como já foi dito, a abertura para o canal de evolução espiritual começa com a postura resignada de aceitar a posição que nos foi concedida neste mundo, nossos karmas, dificuldades e limites. A segunda vem imediatamente em seguida e significa o movimento no sentido da mudança. A prática da CARIDADE é uma excelente oportunidade para alçar vôos maiores e mais altos. Se tentarmos num repente atingir um nível muito alto, a possibilidade de queda será proporcional ao tamanho do salto. Se uma pessoa carnívora tenta passar num único salto para uma alimentação vegana, vai fracassar ou ficar louca. Nem mesmo um salto quântico, tão popularizado nestes tempos imediatistas, pode ser feito sem uma preparação adequada. O domínio sobre o corpo físico só é possível como resultado da repetição sistemática de movimentos e técnicas, passo a passo. Da mesma forma, a preparação do espírito necessita reeducar hábitos e posturas, através do pensamento.
As reações no trânsito urbano é um excelente exemplo. Imaginemos uma pessoa raivosa, que responde com gritos e xingamentos ante qualquer divergência com o motorista ao lado. Consciente da necessidade de melhorar sua postura, ele se programa para mudar sua reação. Num primeiro momento, pode ser difícil. Ele vai xingar da mesma forma, mas, já terá incutido dentro de si a intenção de se corrigir, e ele vai se lamentar pela atitude automática. Passará a se observar melhor, como se existisse dentro dele um agente externo, conselheiro e orientador. Em pouco tempo, sua atitude padrão agressiva terá sido completamente extinta e ele estará reeducado.
A prática religiosa é uma oportunidade maravilhosa para o exercício espiritual, quando bem aproveitada. Normalmente as congregações religiosas, sejam quais forem, favorecem o convívio social, a prática da caridade e do trabalho voluntário, assim como a internalização do conceito que somos seres espirituais transitoriamente dentro de um corpo físico. Elas também podem ser um perigo para o Ego, quando o convívio se baseia em disputas por honrarias e medalhas, muito comuns quando os seres humanos estão reunidos. Por isto se diz que o crescimento espiritual é tarefa individual e solitária.
Existe no mundo dos negócios uma atividade inovadora, destinada a ajudar os tomadores de decisões para melhorar e abreviar seus aprendizados, na busca de maior eficiência corporativa. É a atividade de Coacher, uma espécie de conselheiro pessoal, como um personal trainer executivo. Uma das técnicas que eles utilizam para esta finalidade é baixar o nível de exigência. Se os objetivos pessoais do cliente são muito altos, eles tratam de torná-los mais exequíveis. Se ao contrário, os desafios são muito baixos, eles procuram definir objetivos mais difíceis de se alcançar. Esta também é a base para o conceito de FELICIDADE. Ela não pode ser medida em função da qualidade da META a ser alcançada, mas na capacidade individual em ALCANÇAR o resultado esperado. Se este se apresenta muito alto, convém reduzi-lo. Quer ser feliz ou quer ser o mais brilhante da turma?