quarta-feira, 5 de junho de 2019

QUEM SOU, DE ONDE VIM E PARA ONDE VOU.


"A Divina Comédia". Dante e sua visão do limbo astral
Vamos observar abaixo algumas crenças sobre o que acontece após a morte de um ser humano: 

CRISTIANISMO TRADICIONAL 
--- A alma imortal fica adormecida esperando o Juízo Final, que se dará com a volta de Jesus Cristo. Se ela for considerada justa e sem pecado, vai para o céu, onde passa a eternidade na companhia do Deus todo poderoso, senão, passará a eternidade queimando no inferno.

KARDECISMO  
--- A depender do nível de evolução da alma, a pessoa passa para o plano espiritual ou volta para uma nova chance com novo corpo físico.  

UMBANDA
--- Se a pessoa ainda não alcançou a evolução espiritual, vai voltar num novo corpo físico, para continuar seu aprendizado. No caso de já ser um espírito evoluído, vai para o mundo espiritual, onde será governada por seus Orixás e poderá trabalhar no aperfeiçoamento das forças da natureza da Terra (Aiyé) e do Céu (Orum).   

ISLAMISMO
--- Se o fiel não seguiu as leis divinas expressas no livro sagrado, vai para o inferno, onde queimará eternamente. Se, por outro lado, o fiel se manteve digno e tiver cumprido seus deveres, vai habitar o paraíso espiritual. No caso dos seres masculinos, terá à sua disposição 72 virgens para servi-lo. 

BUDISMO
--- Se a pessoa ainda não evoluiu até o estado de libertação final, volta para a Terra afim de continuar a roda de reencarnações, visando suas vivências de aprendizado. Uma vez atingido o estado de iluminação, cessam as reencarnações e o espírito vai para o paraíso. 

MATERIALISMO CLÁSSICO
--- Cessam todos os movimentos de vida, físicos e mentais. O corpo entra em decomposição e se une aos elementos naturais. A centelha de vida que existia no corpo se exaure no momento do falecimento.  

A FILOSOFIA CLÁSSICA evita fazer julgamentos sobre o que cada um acha, de modo a respeitar a "verdade" de cada linha de pensamento e de cada indivíduo em particular. No entanto, uma das funções a que se propõe é pesquisar, estudar e interpretar o conhecimento atávico da humanidade, acumulado no decorrer das eras e civilizações, registrado de forma escrita ou de forma oral, com o objetivo de responder principalmente  três questões que considera de maior relevância:

  • Quem sou eu?
  • De onde vim?
  • Para onde vou? 
Do ponto de vista filosófico, o conhecimento se adquire de dois modos: Aquele que se acessa intelectualmente através dos estudos, para o qual o indivíduo se prepara na qualidade de ALUNO.  Outro conhecimento é aquele para o qual o indivíduo se prepara fazendo algo mais do que exercícios meramente intelectuais. Isso quer dizer,  pensando de maneira investigativa; sentindo como se fosse um devoto da questão que se encontra sob investigação;  agindo de forma pública ou reservada, de modo integralmente coerente com o aprendizado que realizou. Este é o tipo de conhecimento para o qual o estudante se prepara na qualidade de DISCÍPULO.

O conhecimento antigo das civilizações pré romanas sempre era passado de mestre para discípulo, numa relação de mão dupla, pois, quanto mais ensina, mais o mestre aprende, devidamente instigado pelas dúvidas e pelos questionamentos de seu orientando. Deste modo, o objetivo de uma Escola Filosófica nunca foi o de estabelecer a verdade como dogma, senão que basear suas ações em três princípios, a saber:
  • O estudo deve incluir sempre o componente da devoção sentimental, juntando ao processo mental um caráter de igual amorosidade;
  • A investigação deve sempre ter o propósito de elevar o ser humano, de sua condição de Persona, para tornar-se Indivíduo (aquele que não se divide), através da Consciência; 
  • O resultado do aprendizado sempre deve servir à Humanidade como um todo, buscando o aprimoramento nas áreas da política, da ciência, da arte e da religião, com o objetivo de se atingir a SABEDORIA.


O LEGADO DE BLAVATSKI

"Não tivesse ela mostrado o rumo, os pesquisadores nunca teriam encontrado o caminho"


Com estas palavras, o coronel do exército norte americano Arthur E. Powel homenageia sua companheira, a russa Helena P. Blavatski (1831-1891), autora de uma obra monumental chamada "Doutrina Secreta", onde ela compila a sabedoria religiosa das civilizações, desde rituais primitivos da idade das pedras até o cristianismo e o islamismo. É praticamente impossível ao leitor comum entrar no universo de Blavatski, tamanha a complexidade e a amplitude da obra. Mesmo sua versão reduzida e simplificada, alcança quase 500 páginas na edição brasileira.

A Teosofia, linha filosófica desenvolvida por Helena, foi baseada numa escola de mistérios existente no Egito por volta do ano 300 d.c., tendo como sede a cidade de Alexandria, cuja biblioteca é considerada a maior que já existiu na Terra. Foi queimada por volta do ano 500 d.c., ninguém sabe por quem, mas, provavelmente pelos cristãos romanos. Ela possivelmente continha a maior fonte de pesquisa a que teríamos acesso, caso tivesse sido preservada. Sua magnitude é mostrada no filme e livro denominado "O Nome da Rosa", do escritor italiano Umberto Eco. Em sua fantástica vida e obra, Helena Blavatski tenta recuperar o significado humanista e perene da biblioteca de Alexandria. Para isso, dedicou muitos anos viajando pelo Oriente, África e Europa, atrás do conhecimento atávico das antigas eras. Por isso, sua herança está impregnada dos aprendizados obtidos com o antigo Egito, a Índia, a Assíria e o Oriente Médio, além dos países himalaicos como o Tibet, entre outros. Na minha opinião, ela infelizmente não atingiu o manancial representado pela Ásia extrema, Japão e China,  o que teria sido de enorme importância, mas, foi deixado à parte, pois o acesso ao Japão e à China era impossível no seu tempo. 

Talvez a maior contribuição da Teosofia tenha sido a ideia de que o mundo real existe em diversas dimensões paralelas,  diferentemente da tradição científica e religiosa ocidental. Nós aprendemos ao longo dos séculos que o mundo é criação divina, mas que Deus está num nível à parte, embora sua presença espiritual ocupe todos os espaços, quase sempre de maneira a fiscalizar o comportamento humano... O acesso a este Deus se dá de forma ritual, através de seus sacerdotes ou representantes na Terra, além das práticas religiosas e devocionais. Deve-se obedecer aos desígnios desse Ser Supremo, conforme estão expressos nos livros sagrados, a Bíblia para os cristãos e judeus, e o Alcorão para os islâmicos. Fora disso, é a barbárie.


A Teosofia chegou para dizer que isso não é a única verdade. O ser humano não se reduz aos limites de seu corpo físico-etérico. E a morte não é o fim de tudo. Depois da morte física, a consciência recolhe-se no chamado Corpo Astral e a vida é levada adiante. Além do Astral existe um mundo chamado Mental e, além dele, encontra-se a melhor parte, acessível plenamente apenas a poucos seres evoluídos atualmente. É o mundo espiritual dos planos Mental Superior (ou Causal), Búdico e Átmico.


Para os seguidores da Teosofia, o ser humano está dividido em sete planos (ou corpos). Os quatro mais próximos do plano físico, que formam a sua Personalidade; e os três superiores que formam sua Tríade Espiritual Individual.

Dos corpos inerentes à Personalidade, os dois primeiros (FÍSICO e ETÉRICO) desaparecem com a morte do corpo físico.

Os dois seguintes (ASTRAL E MENTAL) correspondem a ALMA e passam vida após vida com suas essências preservadas, afim de serem transferidas para a Personalidade da nova Encarnação.

Assim, de vida em vida, a Alma é mantida viva em seus aspectos essenciais e vai acumulando experiências e conhecimentos (ou, ao contrário, pode ir se depreciando) conforme o Karma de cada encarnação vivenciada pelo mesmo Indivíduo.

Até que chega-se a um ponto em que uma nova encarnação não seja mais necessária, por se ter atingido para aquele Indivíduo espiritual o estado de iluminação, que representa o nível mais alto que uma determinada Alma poderia atingir em sua experiência humana. Neste ponto, a Alma também é dispensada, seguindo-se daí para a experiência espiritual propriamente dita, a partir dos planos Mental Puro (ou Causal), Búdico (ou a Essência Espiritual) e Átmico (ou Monástico).

Num dos estudos compilados por Arthur E. Powel, juntando sua observação pessoal dos planos "não físicos", ele descreve o intervalo de tempo padrão entre uma Encarnação e outra, ou seja, o tempo em que o Indivíduo passa nos planos Astral e Mental. Ele estabelece este intervalo entre vidas encarnadas, de acordo com uma previsão de escala evolutiva espiritual.

SERES ADIANTADOS, que se encontram em fase próxima do estado de iluminação, possuem bastante liberdade para escolher o tempo que podem ficar desencarnados. Há os que optam por reencarnar continuamente e sem intervalos significativos, com o propósito de ajudar a evolução da humanidade, assim como há os que escolhem ficar longo tempo nos mundos Astral e Mental, podendo parte deste tempo viver no Plano Causal, o mais elevado que uma Alma pode atingir antes a iluminação. Normalmente seres deste nível ficam até 2000 anos desencarnados, incluindo um período de até 200 anos no Plano Causal.

Entre essa classe superior e a mais baixa, caracterizando o intervalo entre as duas condições extremas, o autor fala de outras seis variações de evolução espiritual, tai como:

- Seres que se distinguiram nas artes, ciências ou religiões, tendo contribuído sobremaneira para a evolução de outros seres, além das suas próprias (entre 600 e 1 mil anos de intervalo);

- Seres que praticaram intensamente o amor universal, não só com suas famílias nucleares, mas levando em conta a família humana (500 anos de intervalo);
- Seres de grande dedicação às suas famílias e que contribuíram no processo de aperfeiçoamento técnico e ético da humanidade (entre 100 e 200 anos de intervalo);
- Seres que simplesmente cumpriram suas missões na vida (entre 60 e 100 anos de intervalo);
- Seres no nível de drogados, bêbados e dependentes de outras pessoas, sem dedicação ou esforço pessoal no caminho da evolução, porém sem prejudicar seriamente outras pessoas (entre 40 e 50 anos de intervalo).

- SERES NO ESTADO MAIS BAIXO DE EVOLUÇÃO ESPIRITUAL ficam o mínimo de tempo possível como desencarnados, apenas o suficiente para serem plasmadas as condições para uma nova encarnação, que já trará consigo o Karma das existências anteriores e as condições de superá-lo. O autor fala de uma média de 5 anos, normalmente vivenciados no baixo nível astral, aquele correspondente ao Umbral dos espiritistas ou o Limbo Astral dos teosofistas.








  




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