Uma das mais
celebradas canções de amor de todos os tempos foi feita no Chile nos meses que
precederam o golpe de estado de Pinochet. Seu autor era um militante político,
ator e diretor de teatro, poeta e compositor. O mais famoso e querido do país,
por isso mesmo odiado pelos fascistas. Assim que deram o golpe, eles o
prenderam, extirparam sua mão direita, para que não mais tocasse seu
instrumento, o violão. Soltaram-no, para, em seguida, prenderem novamente no
campo de concentração que era o Estádio Nacional. Três dias depois seu corpo
apareceu, com marcas de tortura e desfigurado, numa favela de Santiago. Nada
disso era necessário, por que Victor Jara era um doce, incapaz de fazer mal a
qualquer pessoa. Era apenas um poeta e cantava seu tempo. "Te
Recuerdo, Amanda" fez
enorme sucesso no Brasil, na interpretação de um grupo de música latino
americana, então na moda, chamado Tarancón. Eram músicos brasileiros e duas
cantoras bolivianas, que corriam o país de norte a sul, cantando em
universidades, sindicatos e igrejas. Qualquer entidade democrática que lhes
abrisse as portas, as mesmas que tinham sido fechadas pela ditadura militar brasileira, amiguinha de Pinochet.
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