No extremo sul do Brasil existe uma reserva ecológica federal em meio às plantaçoes de arroz alagado, no início da imensa Pampa, o territorio que vai da metade sul do Rio Grande do Sul até a Patagônia, ladeada pelo Océano Atlântico e pela Cordilheira dos Andes. A música que embala este imenso territorio é prioritariamente a Milonga e o Tango.
Náo se chega a este territorio sem uma boa dose de sacrificios, a começar pelo acesso a cidade de Pelotas, ponto de passagem obrigatório. O trecho de estrada que começa em Porto Alegre é uma pequena amostra do inferno! Logo de saída, o motorista contribuinte eleitor é gentilmente convidado a desembolsar 24 reais em pedágios, num percurso de nao mais que dez quilómetros, isso por que as operadoras usam o artifício de colocar uma estaçao cobradeira no início da estrada que vai a Uruguaiana e, assim que o infeliz cidadáo concretiza este pagamento inicial, ao dobrar à esquerda em direçao a Pelotas, dá de cara com outra estaçao, e lá se vai a segunda facada. Eu diría que além de assombroso, é desonesto da parte das empresas, tanto quanto do poder público concessor. Um Estado administrado por um Partido que se auto denomina "dos Trabalhadores", nao deveria permitir embustes assim contra seus contribuintes, tôcerto-ou-tôerrado??? Em seguida começam os engarrafamentos por conta das obras de duplicaçao da estrada, entao o preço do pedágio "cai" para 9,00 reais. Regularmente a cada 50 ou 60 km, enquanto você fica horas parado na pista, esperando que a empreiteira libere a estrada por alguns minutos. Náo tenho certeza, mas, pelo que vi das placas, os custos da duplicaçáo correm por conta do governo federal. Para quê os 9,00 reais de pedàgio, somente as esferas competentes da gestáo pública pode explicar, e deve estar explicando bem, considerando que os bem esclarecidos eleitores do Rio Grande do Sul têm reeleito os mesmos gestores já faz um tempáo. Ou náo seriam táo esclarecidos assim !
Finalmente, chega-se a Pelotas, uma linda e decadente cidade. Ali, percebe-se o quanto aquela urbe foi bonita e glamourosa no passado, com seu centro histórico de uma beleza clássica e austera, misturando o charme português com a seriedade anglo-saxônica. Por outro lado, a periferia da cidade é um desastre, tanto ecológico quanto arquitetônico, mas, principalmente social, com os milhares de barracos onde parece impossível que ali habitem gentes humanas, mas, elas estao ali à mostra, para que tenhas certeza de que nao estás alucinado. Onde foram parar os varóes nobres e endinheirados estancieiros que fizeram a Revoluçáo Farroupilha? Aquí é que náo estáo mais. Foram substituídos por industriais de doces de pêssego e outros que tais, que se encontram à venda por toda parte.
Saindo de Pelotas, a estrada melhora substancialmente até a entrada de Rio Grande e seu porto, para onde se viram os caminhóes imensos que te acompanham no trajeto duplicado, deixando o resto da estrada simples até o Chuí, em pista única, absolutamente à tua vontade, bem como à vontade das aves que por ali gorjeiam. E como gorjeiam! Sáo mais de 250 espécies de aves, alèm de 30 espécies de mamíferos, todos muito bem alimentados pelo ecosistema do banhado, supostamente protegido das poluiçóes emanadas das plantaçóes de arroz do entorno.
Taim é uma espécie de paraíso das águas doces no extremo sul brasileiro |
Última cidade antes da fronteira no extremo sul |
Lala Zen enfrenta a noite do inverno pelotense |
Quando se cruza o trecho da Reserva do Taim, a sensaçáo de solidáo é absoluta! Dos dois lados da estrada a Pampa se desenha em azul e verde, até o limite onde o horizonte se encontra com o céu. Ou com a placa de "Bienvenido a Uruguay". Pronto, aquí começa nossa aventura.
Manadas de gado bravio vivem na fartura da Pampa |
Fim do trecho brasileiro |
Outras fotos deste trecho estão no álbum
https://plus.google.com/u/0/photos/107372085103108652320/albums/5917661695521936417?hl=pt-BR
"Um Estado administrado por um Partido que se auto denomina "dos Trabalhadores", não deveria permitir embustes assim contra seus contribuintes, tôcerto-ou-tôerrado???"
ResponderExcluirQuanto ao parágrafo acimo,de sua autoria, copiado de lá e aqui colado, ESTAIS COMPLETAMENTE CERTO. Estão achacando o povo brasileiro. Até quando.
No mais desejo a vocês, uma boa viagem e desbravem bem a região.
Grande abraço.
E desta placa até Buenos Aires o que viste?
ResponderExcluirCalma! Pensas que os malbecs e o festival internacional de Tangos deixam tempo para escrever? Ainda colocarei fotos e textos vários.
ExcluirLala Zen, gostei e deu saudades da Reserva do Taim...
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