sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Mundos para além do visível - PARTE 4 - CORPO, ALMA E ESPÍRITO






Nos conceitos teológicos dos Católicos, ALMA e ESPÍRITO são a mesma coisa, apesar de várias citações bíblicas colocarem isso em dúvida, como na frase de São Paulo: “a palavra de Deus é viva e tão penetrante ... que chega até a separação da alma e do espírito” (Hebreus. 4, 12). Parece que os católicos acreditam que a Alma é julgada por algum tribunal celestial, assim que o seu proprietário expele o último suspiro, e, de acordo com esse julgamento, pode ter tres destinos imediatos e irrecorríveis: a) Foi vista sem pecados capitais e suas boas ações superaram as más,  e por isso vai direto para o céu; b) Foi julgada em pecado mortal e por isso vai direto para o inferno; e c) Foi considerada numa situação intermediária, sendo possível sua recuperação num espaço chamado Purgatório, até o julgamento final da humanidade, com a volta de Jesus Cristo. 

É líquido e certo que neste universo católico, a Reencarnação está fora de cogitação. Ainda para algumas outras igrejas do ramo judaico-cristão, para além do Físico só existe o Espírito, e a palavra Alma como usada na bíblia, foi mal traduzida do grego para o latim. 

Assim, as várias religiões possuem diferentes conceitos, não só de Corpo, Alma e Espírito, mas também de vários dogmas e livros sagrados, como a "bíblia" dos cristãos, a "tanack (ou tora)" dos judeus, o "alcorão" dos islâmicos, o "Baghavad Gita" dos budistas indianos, o "código de ética do homem sábio: ANALETOS", do budismo chinês, etc. 

Ao homem religioso não convém "fazer pouco" das crenças ou tradições alheias, algo que não é lá tão respeitado como conceito ético da prática religiosa. O que vemos mais comumente é a disputa de espaço pelas várias tendências, cada qual tentando obter melhor e maior fatia do "mercado" e consolidar seu poder de influência. Não é por outra razão que várias igrejas mandam seus "missionários" a pregar em terras estranhas. Alguns, como os jesuítas católicos no século XVI ou missionários evangélicos na África atual,  pagam com o sacrifício da própria vida.  Tudo para "expandir a fé", sempre em nome de "deus". 


O Estado Islâmico é um exemplo atual de intolerância religiosa

As cruzadas cristãs da Idade Média levavam terror e morte aos povos islâmicos
O místico teosofista Arthur E. Powel (1882-1969), já no século XX escreveu e compilou material oriundo de várias fontes religiosas, dando continuidade ao trabalho de Helena Blavatsky, Charles Webster Leadbeater e Annie Besant. Uma de suas obras fundamentais foi a coleção de quatro volumes sobre os planos que definem a Personalidade do ser humano, corpos estes aos quais ele denominou Físico, Etérico, Astral e Mental. Um quinto volume trata do Plano Causal (que muitos chamam de Mental Superior ou Mental Puro), a primeira camada da Tríade Espiritual.




Para os seguidores da Teosofia, o ser humano está dividido em sete planos (ou corpos). Os quatro mais próximos do plano físico, que formam a sua Personalidade; e os três superiores que formam sua Tríade Espiritual Individual. Dos corpos inerentes à Personalidade, os dois primeiros (FÍSICO e ETÉRICO) desaparecem com a morte do corpo físico. Os dois seguintes (ASTRAL E MENTAL) correspondem a ALMA e passam vida após vida com suas essências preservadas, afim de serem transferidas para a Personalidade da nova Encarnação. Assim, de vida em vida, a Alma é mantida viva em seus aspectos essenciais e vai acumulando experiências e conhecimentos (ou, ao contrário, pode ir se depreciando) conforme o Karma de cada encarnação vivenciada pelo mesmo Indivíduo. Até que chega-se a um ponto em que uma nova encarnação não seja mais necessária, por se ter atingido para aquele Indivíduo espiritual o estado de iluminação, que representa o nível mais alto que uma determinada Alma poderia atingir em sua experiência humana. Neste ponto, a Alma também é dispensada, seguindo-se daí para a experiência espiritual propriamente dita, a partir dos planos Mental Puro (ou Causal), Búdico (ou a Essência Espiritual) e Átmico (ou Monástico).

Num dos estudos compilados por Arthur E. Powel, juntando sua observação pessoal dos planos "não físicos", ele descreve o intervalo de tempo padrão entre uma Encarnação e outra, ou seja, o tempo em que o Indivíduo passa nos planos Astral e Mental. Ele estabelece este intervalo entre vidas encarnadas, de acordo com uma previsão de escala evolutiva espiritual.

SERES ADIANTADOS, que se encontram em fase próxima do estado de iluminação, possuem bastante liberdade para escolher o tempo que podem ficar desencarnados. Há os que optam por reencarnar continuamente e sem intervalos significativos, com o propósito de ajudar a evolução da humanidade estando presentes no plano físico, assim como há os que escolhem ficar longo tempo nos mundos Astral e Mental, podendo parte deste tempo viver no Plano Causal, o mais elevado que uma Alma pode atingir. Normalmente seres deste nível ficam até 2000 anos desencarnados, incluindo um período de até 200 anos no Plano Causal.

Entre essa classe superior e a mais baixa, caracterizando o intervalo entre as duas condições extremas, o autor fala de outras seis variações de evolução espiritual, tai como:

- Seres que se distinguiram nas artes, ciências ou religiões, tendo contribuído sobremaneira para a evolução de outros seres, além das suas próprias (entre 600 e 1 mil anos de intervalo);

- Seres que praticaram intensamente o amor universal, não só com suas famílias nucleares, mas levando em conta a família humana (500 anos de intervalo);
- Seres de grande dedicação às suas famílias e que contribuíram no processo de aperfeiçoamento técnico e ético da humanidade (entre 100 e 200 anos de intervalo);
- Seres que simplesmente cumpriram suas missões na vida (entre 60 e 100 anos de intervalo);
- Seres no nível de drogados, bêbados e dependentes de outras pessoas, sem dedicação ou esforço pessoal no caminho da evolução, porém sem prejudicar seriamente outras pessoas (entre 40 e 50 anos de intervalo).

- SERES NO ESTADO MAIS BAIXO DE EVOLUÇÃO ESPIRITUAL ficam o mínimo de tempo possível como desencarnados, apenas o suficiente para serem plasmadas as condições para uma nova encarnação, que já trará consigo o Karma das existências anteriores e as condições de superá-lo. O autor fala de uma média de 5 anos, normalmente vivenciados no baixo nível astral, aquele correspondente ao Umbral dos espiritistas ou o Limbo Astral dos teosofistas.



Independente de acreditarmos ou não nas informações listadas acima, parece que a maioria das Igrejas, incluindo muitas cristãs, admitem que a estrutura Corpo-Alma-Espírito é aquela concebida e idealizada por Deus para as três expressões do Ser Humano, nos planos do tempo e espaço Mortal, Anímico e Eterno.


  



Eu, de minha parte, além de tentar praticar uma religiosidade não discriminatória, aprendi com a filosofia que um dos fundamentos do Ser Humano é desenvolver sua capacidade de se auto-governar e se aperfeiçoar, no sentido de ajudar na construção de uma humanidade melhor. E que para esse objetivo civilizatório, é importante que tenhamos seres humanos melhores atuando no mundo real, começando primeiro conosco mesmo. Sem dúvida que, se entrarmos no campo da disputa religiosa, não estaremos contribuindo nem um pouco para esse objetivo maior, representado por uma vida baseada na cortesia, na convivência eclética e na concórdia.   







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