sábado, 23 de junho de 2012

Paraguai, 2012.


O Paraguai sempre foi uma grande fazenda. Belíssima mata atlântica, igual ao do vizinho Paraná, viu seu território ser dedicado principalmente à agricultura. O país sempre teve ditadores. Um deles se chamava Solano Lopes. Estudou em Paris, de onde trouxe uma esposa francesa e um grupo de técnicos e científicos, visando mudar o país a partir da industrialização. Naquela época, 1850, quem mandava no mundo era a Inglaterra, que não achou boa idéia aquela de industrializar um país sem qualquer importância, que não tinha nem saída para o mar. Mas que, de alguma forma, ameaçava o mercado que os ingleses consideravam seus, os países do atual Mercosul.




Brasil e Argentina deviam os tubos para os ingleses. O filme "Visconde de Mauá" nos mostra como o famoso diplomata do Império vivia em viagens seguidas para Londres, afim de negociar nossas dívidas com a Raínha. Pois bem, não foi difícil aos ingleses fazer com que os exércitos de Brasil e Argentina intervissem para acabar com aquela aventura exótica, um país industrializado ao sul do equador, ora veja ! O trabalho foi facilitado por que o senhor Solano Lopes achou que poderia ganhar a guerra e abriu logo tres frentes de combates. No Mato Grosso, para distrair as tropas do império brasileiro, que somavam 200 mil soldados; em Corrientes, para envolver o exército argentino, e verdadeiramente seu objetivo principal, que era uma saída para o mar, retomando o controle de Montevideo, onde os brasileiros e argentinos tinham patrocinado um golpe que instalou no governo um títere do império britânico. Solano Lopes perdeu a guerra, depois de cinco anos de combates. O Paraguai foi destruído a ponto de sobrar apenas 10% da população masculina. O último e simbólico combate foi travado por meninos imberbes paraguaios, num cafundó qualquer do norte do país, onde o derrotado Solano Lopes recusou-se a render-se e foi morto à lança, juntamente com seu filho de 15 anos. O comandante brasileiro era o genro do imperador, e, num gesto de sadismo e covardia, ainda fez com que a viúva, esposa e mãe dos últimos mortos, enterrasse seus corpos, antes de a mandarem para a prisão  em Asunción, ao invés de a expulsarem para sua terra natal, a França, o que seria uma medida mais humanitária, afinal, ela não tinha nada a ver com as tresloucadas aventuras de seu marido. A guerra é cruel, todos sabemos, mas não deveria ter servido para a diversão perversa de um insignificante descendente da oligarquia monarquista francesa, o Conde D'Eu, marido da princesa Izabel.
  




A partir de então, o país sempre foi dominado por meia dúzia de famílias brancas, contra uma população 99% de índios guaranis. Até a década de noventa, esteve submetido a uma terrível e cruel ditadura, a da família  Stroessner, que viveram  exilados em Brasília, após serem apeados do poder. Seu estilo de vida sempre foi nababesco, gastando a grana que acumulou quando era o único mandatário do Paraguai. Felizmente, o velho Stroessner já foi para o inferno. Mas, seu filho, que tem o grau de general paraguaio, continua por lá, tomando sua champagne francesa e influenciando a política paraguaia.

Agora vem mais este golpe. Não morro de amores por Fernando Lugo, ao contrário. Mas, isso não vem ao caso. O fato é que a elite paraguaia, mais uma vez, volta a controlar o estado, como sempre fez. O apoio dos brasiguaios é compreensível, pois eles realmente estavam pagando o pato das injustiças centenárias que fazem a história do Paraguai. Eram o alvo principal do MST paraguaio, estaca de apoio a Fernando Lugo. Estes esforçados colonos brasileiros só têm a ganhar com o golpe. O grande perdedor, sem dúvida, será o povo paraguaio. Mas, eles estão acostumados...



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