segunda-feira, 20 de março de 2017

SIGNIFICADO DO SACRAMENTO NO CRISTIANISMO

Peregrinas  norte americanas descansam da longa caminhada
Santiago de Compostela é um santuário essencialmente jovem.
Fotos feitas por mim em 2001


Finalizando nossa série de estudos sobre os mitos sagrados do Cristianismo, vamos examinar aspectos relacionados ao Sacramento.


PRIMEIRO COMPONENTE: O VINHO NOVO
Jesus começou seu sacerdócio crístico na Terra aos trinta anos de idade. Ele encontrava-se com a família e alguns discípulos numa festa de casamento em Canaã, quando sua mãe Maria veio lhe avisar que havia acabado o vinho para servir  aos convidados. Jesus, então, manda que lhe tragam vasilhas de água e as transforma em vinho de alta qualidade. Como antes estavam servindo um vinho inferior,  alguns frequentadores se espantaram e foram questionar o dono da casa: “É costume primeiro servir o vinho bom. Só depois, quando a maioria dos convivas já estão amortecidos pela bebida, é que se coloca o vinho de pior qualidade. Mas, tu serviste primeiro o vinho ruim; e guardaste o  melhor vinho para o final”.  Aqui, o significado do “vinho bom” no Sacramento tem a ver com a missão de Jesus na transformação da humanidade. Ele veio trazer a “boa nova”, ou seja, o vinho bom, enquanto o que existia antes era o Velho Testamento Judeu, as antigas Leis, por aquela época ainda acrescidas das exigências típicas do  Império Romano para suas colônias. Tudo isso representava o vinho velho, ou seja, o vinho ruim carregado dos vícios e defeitos dos antigos paradigmas entre os povos das 12 tribos de Israel  e o Império Romano. O cenário exigia obediência total.  Neste ambiente, o que se pretendia do Ser era a qualidade de ALUNO.

Aquilo foi substituído pelo novo paradigma do cristianismo, que deveria resgatar o Plano Divino sobre a Terra, afim de salvar a humanidade. Aqui, neste contexto, o comprometimento ético passa a ser sobre valores que se pretendem “permanentes”, e não mais submetidos apenas ao nível do intelecto, mas também ao nível Moral. O que se espera aqui é uma dedicação não como “aluno”, mas como “discípulo”, aquele que age a partir de sua devoção, investigação, pensamento e CAPACIDADE DE SERVIR.





SEGUNDO COMPONENTE: O PÃO
Já ao final de sua passagem terrena, Jesus reúne seus apóstolos pela última vez; e agora acrescenta o PÃO ao sacramento que distribui a seus convidados para a Última Ceia. Se o VINHO da primeira experiência serviu para apontar o caminho da redenção, agora o PÃO tem o significado de deixar com os Homens a sua herança crística. Ao contrário do que as igrejas cristãs normalmente pregam, o Sacramento constituído pelo Pão e Vinho não  diz respeito ao sacrifício de Jesus na cruz, nem é lembrança (ou cobrança) de que seu sangue serviu para lavar os pecados da Humanidade. O que Jesus distribui no Sacramento é seu legado, não simplesmente seu corpo e sangue, mas a esperança de ascensão para níveis mais aperfeiçoados no modo de existir. O legado crístico distribuído no Sacramento,  não é outro senão o significado de transformação cósmica do Ser Humano, que, assim como Jesus o fez em sua missão, tem a potencialidade de realizar progressos espirituais mesmo enquanto ser encarnado. Ou seja, o Ser Humano Crístico tem a possibilidade de fazer a ascensão para níveis  superiores de consciência, partindo de uma base física sólida e saudável, evoluindo para a conquista da paz emocional, depois adquire a capacidade de raciocínio lógico a serviço de seu auto aperfeiçoamento, até que desenvolve em si as potencialidades da Intuição, que é a porta de entrada para os níveis superiores da tríade espiritual.




No inspirado mural do artista italiano Leonardo da Vinci, “A Última Ceia”, o primeiro aspecto que se observa na obra é o agrupamento dos apóstolos em quatro grupos de três. Uma primeira interpretação evidente é que o significado da vida está vinculado aos aspectos eternos e perenes: as quatro estações (primavera, verão, outono, inverno) e os quatro elementos naturais (água, ar, fogo e terra). Em seguida se observa que os apóstolos estão agrupados seis à direita e seis à esquerda de Jesus. Este aspecto leva a uma concepção zodiacal da obra, com os signos representados pela aparência e postura dos personagens, assim como pela concepção de que os signos dos que estão à direita, são o lado contrário dos que estão à esquerda de Jesus. Obter o equilíbrio entre os dois lados é a missão do aprendizado nesta passagem terrena.  Da direita (lado visual e claro) para a esquerda (lado escuro e inconsciente), observamos que os doze signos zodiacais estão ali representados e, neste sentido, aqueles doze apóstolos representam a Humanidade inteira. Portanto, quando Jesus a eles distribui a si próprio, na forma de vinho e pão, está se distribuindo para todos os homens, independentemente de terem ou não aceito submeter-se ao cristianismo. 





Sobre isto, é interessante notar a nova prática da igreja Católica em distribuir o sacramento de forma energética e coletiva, principalmente em cerimônias de grande presença do público. Ali, não se pergunta se a pessoa fez sua confissão com um padre, nem se foi batizado e crismado na Igreja.   São indicadores na Nova Era, assim como a presença deste Papa Francisco à frente do Vaticano também o é, certamente.




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