quinta-feira, 21 de junho de 2012

ROMANTISMO NA MÚSICA POPULAR - Ne me Quittes Pas


Estamos acostumados a ver a cantora francesa Edith Piaff como exemplo do sofrimento por amor. São inúmeros filmes e peças de teatro, onde o personagem forte da famosa artista se revela em toda sua fragilidade amorosa. No Brasil, a atriz Marília Pera protagonizou uma peça de forte impacto, onde desempenha tanto o papel da pobre mulher abandonada sempre por seus amantes, quanto sua voz maravilhosa e única no cenário do romantismo contemporâneo. Em um dos filmes clássicos sobre Piaff, o diretor monta uma cena onde ela ordena ao seu motorista que a leve ao encontro de um amante que está à 400 km de Paris, mesmo advertida de que a madrugada está fria e as pistas molhadas e escorregadias, pela neve que cai no inverno europeu. Mesmo assim, ela assume os riscos e inicia a viagem, para, quando estão na metade do caminho, arrepender-se e pedir ao pobre homem que volte para casa, em Paris. Isso demonstra sua personalidade complicada, talvez em decorrência de uma infância e juventude ultra sofrida, chegando a ser prostituta como carreira paralela à de cantora, sendo explorada por cafetões bandidos, até que um empresário profissional a descobre num cabaré e faz com que se torne a mais bem sucedida cantora da França e, quiçá, de todo o mundo ocidental. 

Seu maior sucesso, no entanto, "Não me abandones", foi escrita e sofrida na própria pele por um homem. Até quem não entende patavina de francês, como eu, sente que a  canção "Ne me quittes pas" é uma súplica de amor, ou de submissão, para que a pessoa amada não nos abandone, como está prestes a confirmar-se na prática, pelo ato da separação entre o compositor da famosa canção e sua parceira.  É uma dor sem igual e qualquer ser humano que a tenha experimentado, quer dizer, praticamente 100% da humanidade,  sabe o quanto isso é cruel. Alguns poetas, no entanto, conseguem colocar esse sentimento em versos. É o caso de Jacques Brel, um rapaz belga, pobre e romântico, que veio tentar a vida em Paris nos anos 1950. Ali conheceu uma garota, pela qual se apaixonou loucamente, como se não fossem loucas todas as paixões!

Como seria de se esperar, sua musa Gabrielle o abandonou, vá lá saber-se por que, pode ser que tenha se encantado por outro rapaz, ou que não suportasse mais o ronco ou a a chatice do músico belga, enfim, ela deu-lhe um belo chute na bunda.  Pois deste transtorno nasceu este clássico da música romântica universal, cantada por centenas de belíssimos intérpretes pelo mundo afora.  Mas, nunca ninguém superou  Edith Piaff, que a gravou pela primeira vez, em 1959.




Aqui, vai a versão de Maysa,  uma das mais consideradas cantoras românticas brasileira de todos os tempos. Que foi tão ou mais complicada que a francesa Piaff.


Um comentário:

  1. Uma coisa é o sofrimento da perda, que vai sendo absorvido devagar. Outra, muito diferente, é o caos de ódio e raiva, revolta e mágoa, que pode gerar até doenças em nosso corpo consagrado ao amor e à harmonia. Com muita paz, de preferência.

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