sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Em busca do Tango perdido - PUNTA DEL ESTE

 
 
Quando se adentra à pampa uruguaya, ainda não é possível perceber que o país inteiro é parte da Pampa sagrada, que vai da metade do Rio Grande do Sul até a escarpas geladas de Bariloche, formando um grande continente de planuras. Duzentos quilômetros depois, um tanto cansado de observar planícies nos dois lados da estrada, começa-se a desconfiar dessa verdade, e o vivente não raro comenta com seus pares, dentro do carro:
 
 
 
 
 
--- Mas, bah, tchê,
este país é apenas essa grande invernada?
 
 

 
 
 
 
 


Tal impressão é imediatamente desfeita quando nos aproximamos de Punta del Este.
Aqui a natureza foi pródiga em dunas e praias brancas sem fim, decorando um mar absolutamente tomado pelo verde. No horizonte à direita, percebe-se uma pequena cadeia de montanhas, à qual deram o sugestivo nome de Minas. É mais um contraponto à pampa dominante. Ali nascem as mais deliciosas águas minerais do cone sul.

Entrando pelas belíssimas estradas que circundam a orla marítima, o deslumbrado viajante depara-se, então, com a monumental obra construída pelos seres humanos, à exemplo daquilo que Caetano Veloso disse um dia sobre São Paulo, e que se aplica ainda mais adequadamente ao complexo urbano que temos pela frente: "a força da grana que constrói coisas belas".  Punta del Este é um brinde à criatividade e ao empreendimento humano.
 
 




A primeira colonização oficial da região de Maldonado deu-se em 1829, onde já estava  localizada a pequena vila de Ituzaigó, que em guarani significa "cascata de grande altura", provavelmente querendo designar alguma queda d'água existente nas montanhas próximas. Naqueles tempos, o mar era apenas um grande campo de pescarias e de batalhas, além de rota para transporte de mercadorias. A utilização turística da área só teve início em 1907, quando um empresário uruguaio teve a ideia de trazer famílias abastadas de Montevideo e Buenos Aires, à bordo do navio "Golondrina", a desfrutarem do verão naquelas praias e campos. A partir daí, Punta del Este, como passou a ser chamada a cidade, nunca mais parou de crescer.

Segundo o site "Wikipédia", a enciclopédia aberta da Internet, Punta está entre os dez mais luxuosos balneários do mundo. A proximidade aérea com os mais influentes mercados da América Latina, São Paulo e Buenos Aires, traz milhares de consumidores de alta capacidade financeira a jogar em seus cassinos ao longo do ano, independente da temporada de verão. Esta, ademais, recebe centenas de milhares de veranistas da alta classe econômica latino americana e internacional.

Punta del Este dispõe de abundante oferta hoteleira. Entre os quais se destaca o Hotel Conrad Resort & Cassino da cadeia internacional Hilton, localizado na praia Mansa. Entre os hotéis mais tradicionais sobressai o Hotel L'Auberge, na parada 19 da Brava, onde se servem os famosos wafels ao estilo belga. Há também vários hotéis de alto padrão que servem como Cassinos ou Spas. O hotel fazenda Vik fica a oito quilômetros da praia e foi fundado pelo multimilionário norueguês Alexander Vik. Na parte externa, cavalos e ovelhas estão presentes, juntamente com toda a sofisticação rústica uruguaia. O hotel, recheado de obras de arte e de bom gosto, está em um ponto mais alto da propriedade com vista para uma lagoa e o oceano. Na cidade, há numerosos restaurantes com diversas especialidades, desde a refinada culinária francesa até comidas rápidas, assim como a típica culinária uruguaia, a japonesa, árabe, etc.   No verão, o sofisticado mundo operístico e de shows de tango de Montevideo praticamente se transfere para o balneário, em busca dos dólares que aterrissam na área.



Ultimamente está se tornando sonho de consumo de endinheirados brasileiros. Eu particularmente soube de uma história deliciosa sobre o famoso cassino Conrad, que me foi contada por um piloto comercial. Disse ele que o proprietário de uma famosa rede de supermercados em Santa Catarina resolveu premiar sua filha com a "lua de mel" naquele sofisticado reduto. Encomendou para isso as acomodações do jatinho no aeroporto local e ordenou aos pilotos que estivessem atentos a todas as solicitações da moça quanto a possíveis visitas a Montevideo, Buenos Aires ou para onde ela bem quisesse voar, pagando para isso não apenas as estadias da aeronave como também a dos pilotos, o que não deve ter saído barato. Pois bem! Conta o indiscreto piloto que a tal moça nunca saiu sequer do quarto, quanto mais do hotel. Pudera!
 
 

 


 

Um comentário:

  1. Fiquei aguardando este capítulo da viagem. Foi educativo e esclarecedor.

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