sábado, 19 de dezembro de 2015

O mundo visto a partir do Campeche. Resumo da semana.






STF SE RENDE AO GOVERNO


O jogo político se dá nos bastidores, todos nós já sabemos há muito tempo. O que aconteceu para o STF jogar no lixo sua já baixa reputação, negando o voto do relator e tomando uma decisão completamente sem nexo, nem amparo constitucional? Eles não apenas inverteram as regras do jogo aplicadas contra Collor em 1992, na vigência das mesmas leis. Mudaram o resultado da partida, em pleno andamento. É um deboche para a cara dos pagadores de impostos que os sustentam!   De outro lado, mas, com os mesmos propósitos, o time de Lula está ganhando em vários outros confrontos de bastidores. O que foi fazer sua excelência, o ministro da justiça, numa madrugada em Curitiba? Do resultado de todas as tramas, o que temos para hoje é essa malemolência que requebra ao luar, nossa tão falada versatilidade, o "jeitinho brasileiro" de ser. O país que se foda, desde que os que estão no poder preservem suas vantagens. Delatar, pra quê? Daqui à pouco o Levandowski pode soltar todo mundo. 

A economia está desabando e vai piorar. 
Os eleitores de Dilma não vão ter feijão para colocar na mesa. 
Mas, segue o samba da gandaia, ô ô ô, tá chegando o carnaval...!!!




A ESQUERDA BURRA CONTINUA A MESMA 
(Desde os tempos de Gilberto Freire)


A frase estampada nesta camiseta é um axioma (dogma) da esquerda tradicional e convencional. O liberalismo econômico do mundo moderno não admite o latifúndio, coisa com a qual a esquerda brasileira convive tranquilamente. O capitalismo de hoje não tem nada a ver com o que Marx imaginou 150 anos atrás. A magia da vez se chama "mercado consumidor". Não se faz consumidores com uma população analfabeta, certo? Então... O senhor Mino Carta vende suas preciosidades para a chamada esquerda, mas, vive de verbas dos governos, como todos os demais, incluindo os portais chapas brancas, a Veja, Isto É, Folha, Estadão, Globo, etc. A diferença é só a cor do texto.
Atenção. Vejam os argumentos dos kirchneristas argentinos para justificar o imposto sobre exportação de trigo, cobrado no antigo governo de Cristina e abolido no novo governo de Mauricio Macri. Aqueles partem do pressuposto de que o preço internacional, sendo maior do que o preço no mercado interno, vai fazer com que os consumidores argentinos paguem o preço internacional, dolarizado. Perfeitamente correto, é isso mesmo que acontece. O problema começa quando o governo intervém e proíbe as exportações. Aí os produtores param de plantar trigo e vão plantar soja, cujas exportações são livres. Acaba faltando trigo nas padarias, do mesmo jeito como se tivessem sido exportados. E mais grave: ninguém ganhou nada com isso. Nem os produtores, nem o governo, nem os consumidores. Por isso, o melhor meio de regular o mercado é não ter regulação nenhuma. Por mais que pareça absurdo a uma ala supostamente esquerdista, o livre mercado capitalista é um regulador natural. Como as melhores receitas da vovó.


WHAT'S GOING ON?


O Bloqueio do aplicativo WhatsApp suscita várias questões de largo espectro. A primeira é de caráter antropológico, ou seja, do ponto de vista da humanidade, é uma ótima oportunidade das pessoas se questionarem sobre o que estão fazendo com suas vidas sociais. Outro dia vi o comportamento de uma moça dentro do ônibus urbano que vai do Centro de Floripa ao campus da UFSC no Pantanal. Do lado direito das janelas, uma deslumbrante paisagem de um final de tarde com a Baía Sul emoldurada pelas montanhas do maciço Cambirela, algo que só existe no cinema. Pois, a moça sentou-se do lado esquerdo e, depois de despachar várias mensagens de voz (suponho que pelo tal What's Up?), tentava desesperadamente localizar alguém pelo telefone celular. Qualquer pessoa, com a qual pudesse conversar.

Numa lanchonete do centro da cidade, ao lado de um cursinho pré vestibular, vejo todas as várias mesas ocupadas. Todos falavam ao mesmo tempo, mas, ninguém com alguém que estivesse fisicamente ali. O Coral onde eu participo tem umas 60 pessoas. Resolveram montar um grupo WhatsApp, onde me cadastraram. Era o único a que eu pertencia. Comecei a receber tantas mensagens irrelevantes, que saí do grupo no dia em que contei 95 delas. Do ponto de vista sociológico, político e jurídico, é de se questionar a empresa detentora das propriedades autorais do aplicativo, se ela deveria ou não colaborar com a justiça, abrindo o sigilo de um suspeito em investigação policial, como parece ter sido o caso em questão, que motivou o bloqueio. O sigilo em princípio é um direito humano básico, tanto que os criminosos do colarinho branco costumam deixar a todos com caras de tacho, quando vão depor a um delegado, juiz federal ou no próprio congresso nacional, e alegam direito ao silêncio. Democracias liberais, como os Estados Unidos e Europa, costumam respeitar este direito para todas as camadas sociais, e não apenas para os privilegiados pela sorte. 

QUEM É PEPE MUJICA?


Há uma febre de Pepe Mujica no Brasil. Outro dia ele esteve aqui na UFSC, para uma palestra de abertura de uma tal Semana do Clima. É assim, convidando, ele vai. Como dizia um velho professor extremamente conservador e anti comunista dos meus tempos escolares: "esquerdista não perde oportunidade de falar. Se convidado a falar sobre carvão mineral, ele vai. Se convidado a falar sobre oceanografia, ele vai. Mas faz sempre o mesmo discurso".   Agora, o velho avozinho tupamaro deu para aconselhar a juventude, que o ama, como parece ser, à primeira vista, pois sua palestra na UFSC teve todos os ingressos distribuídos já dois dias antes, e instalaram vários telões para as milhares de pessoas que ficaram do lado de fora.   A verdade é que Pepe Mujica é aliado de primeira hora dos bolivarianos, Lula, Dilma, Kirchner, Morales, Correa e Maduro. O quinteto fantástico, que se soma a alguns trapalhões da América Central para a difusão de um novo sistema de socialismo exótico, que está falindo todos os países que tentaram adotá-lo.   Não foi o caso do Uruguai. Embora formasse fila com os bolivarianos, o governo de Pepe Mujica no Uruguai foi o mais conservador possível.


MAURICIO MACRI CUMPRE PROMESSAS DE CAMPANHA
Mauricio Macri começou a governar a Argentina, cumprindo uma das suas mais marcantes promessas de campanha. Acabou com o imposto de exportação de produtos agrícolas. A política de restringir exportações de alimentos em um país que se notabiliza pela qualidade e quantidade da sua produção, foi utilizada pelos governos Kirchner com dois propósitos complementares: 1) para garantir que o mercado interno fosse abastecido. 2) para aumentar a arrecadação de impostos. Nem uma coisa nem outra apresentou resultado positivo. Os produtores de carnes, laticínios e cereais boicotaram deliberadamente a produção, em vista dos baixos preços controlados no mercado interno. Acabou faltando suprimentos para as famílias, mesmo que a produção não tenha sido exportada. Na outra ponta, diminuindo a produção, também não houve o esperado incremento da arrecadação. No ano de 2008, já no segundo governo Kirchner, houve um boicote nacional dos produtores e isso afetou gravemente o abastecimento interno. A partir daí, as relações entre o governo e o meio rural foram se tornando cada vez mais ásperas. De um lado, os produtores acusavam Cristina de autoritária e incompetente e, de outro, o governo acusava os produtores de traidores da nação. Neste jogo de gato e rato, o país ficou estagnado economicamente, com exceção da exportação de soja que, mesmo taxada a 35%, atingiu 10 milhões de toneladas em 2013, a segunda maior do mundo. O Brasil, maior exportador mundial, onde não se cobra imposto de exportação, vendeu 50 milhões de toneladas do mesmo produto em 2013. 
Segundo o novo governo argentino, não é possível retirar de uma só vez a tributação sobre a soja, para não causar um grande baque sobre a gestão fiscal. Num primeiro momento, a alíquota foi diminuída de 35% para 30%, decepcionando as lideranças dos agricultores, que prometeram continuar as pressões sobre Macri.   No front propriamente político, os militantes peronistas de 'la Kirchner' já mostram que não darão sossego. Sabendo disso, Macri saiu dando logo tres tacadas que vão ocupar bastante a pauta de protestos de rua: 1) Já encaminhou proposta de mudança de nome do Centro Cultural Kirchner, em Buenos Aires, além de insinuar que seria bom privatizá-lo. 2) Colocou imediatamente em prática a sentença da suprema corte argentina, que anulou a Lei que permite aos presidentes da república nomearem Juízes. Àqueles que foram nomeados por Cristina, deu tres meses de prazo para que sejam substituídos por Juízes "DE VERDADE", concursados e sem vínculos partidários. 3) Submeteu ao congresso nacional a revogação da polêmica Lei de Imprensa editada por Cristina, então com o propósito específico de prejudicar os grandes jornais Clarin e La Nación. Lembremo-nos que até o papel para imprimir suas edições, os jornais estão proibidos de importar ou comprar no mercado interno, pois são de fornecimento exclusivo do governo federal. Talvez seja este o ponto mais sensível, que está provocando grande repercussão entre os engajados dos Kirchner.  
É prestar atenção para as próximas semanas. Do sucesso de Maurício Macri depende a democracia da América Latina. 

Louvar ao Senhor e esperar pela sua volta

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