A cidade de Cusco fica nos Andes peruanos. Foi a sede do Império Inca, um conglomerado de tribos indígenas que floresceu entre os anos 1200 e 1500. Foram unificadas a ferro, fogo e sangue por uma elite altamente desenvolvida. Seus domínios iam do que é hoje a Colômbia até a Patagônia. A capital preserva as construções incas, em razoável estado de conservação, além das edificações coloniais espanholas, como os famosos páteos internos, uma característica hispânica presentes em todas as suas ex colônias.
Existem vários caminhos bem preservados até hoje, que eram utilizados pelos Incas. Eles não conheciam nenhum meio de transporte e, portanto, eram grandes andarilhos. Lembremo-nos que cavalos e bois foram trazidos pelos espanhóis. Os índios usavam pequenos animais, como lhamas, vicunhas e alpacas, para transportar mercadorias, mas, nunca para montaria.
Existem trilhas que levam até uma semana para serem percorridas. São localizadas sobre as montanhas. Há vários serviços de guias, para levar os turistas através delas. A mais famosa liga Cusco ao santuário de Machu Picchu e leva quatro dias, em média, para percorrer os cerca de 80 quilômetros. Alguns pontos se aproximam dos 5 mil metros de altitude. Não é para qualquer pessoa. A maioria dos que a percorrem são jovens ou pessoas de meia idade, muito bem preparadas fisicamente. Eu achei que já passou a minha época e não a encarei. Ainda bem. A simples altura dos 4 mil metros já me deixou suficientemente cansado e com problemas de respiração.
Preferi fazer uma trilha que segue em local plano, acompanhando a linha do trem entre a estação de Águas Calientes, aos pés da montanha de Machu Picchu e a estação chamada Hidroelétrica, um trecho de 10 quilômetros numa altura confortável, cerca de 2 mil metros de altitude. Seguimos margeando o Rio Urubamba, um dos formadores do colossal Amazonas, muitas centenas de quilômetros abaixo, na região tropical peruana. A paisagem é um espetáculo à parte. Leva-se menos de três horas, para uma caminhada confortável e tranquila. Cruza-se com diversos grupos pelo caminho. E alguns trens, o que torna o passeio ainda mais agradável. O que não é nada confortável é cruzar algumas pontes, por que os dormentes da linha do trem deixam à vista os intervalos abertos entre eles. Para pessoas medrosas como eu, o medo é incrivelmente ameaçador, embora saibamos que não há risco de cair, se tomamos os devidos cuidados. Mas, cruzar tais pontes com uma mochila nas costas é o máximo de risco que me permiti. Ainda assim, vivi meu dia de aventureiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário