Eu sempre digo que "turismo é mais aventura cultural que lazer".
Concluí esta máxima depois que encontrei um casal de brasileiros na porta do teatro Ópera de Londres, a mulher parecendo a Maria Bonita, de tantos penduricalhos em prata, e o homem tinha o fraque aberto, devido à imensa pança, provavelmente um bem sucedido senhor de engenho ou médico do sertão. Na fila de entrada, eles se tratavam de "painho" e "maínha". Não estavam nem aí para os turistas internacionais, inclusive eu, que me disfarcei e não pronunciei uma palavra que pudesse me associar com aqueles "bárbaros".
Desta vez meu cenário continua sendo cultural, mas em Madrid, capital da querida e ensolarada España. O Passeio do Prado é um dos locais mais agradáveis do mundo. Pode-se descrevê-lo como uma larga avenida, lindamente arborizada e ajardinada, com seu canteiro central largo e confortável, diversos bancos e mesinhas à disposição dos caminhantes, onde se pode fazer um lanche maravilhoso com baguetes e frios comprados em supermercados, acompanhados pelo melhor vinho branco do mundo, o das regiões demarcadas de Sevilla, conhecidos como "vinho fino", veja você que chegam a 17 graus alcoólicos, a meio caminho do conhaque, porém com uma delicadeza só possível aos descendentes de mouros. Computados os custos, uma refeição ligeira nessas condições não vai sair mais do que 10 euros para duas pessoas. E você ainda tem a proteção da ordem e dos bons costumes madrilenhos.
Pois bem, eu estava no ponto de ônibus do Prado, cansado de andar tanto pelas galerias do museu, quando três senhoras de cabelos brancos se aproximaram. Suas tentativas de comunicação
foram devidamente ignoradas pelo público ao redor, que não entendia patavina quando
elas pediam informações sobre o ônibus turístico da cidade, aqueles de dois andares que circulam pelos pontos de atração turística. Na Espanha, como na França,
não é bem vista a língua inglesa. Você é capaz de se entender melhor em
português, do que se tentar falar a língua de Shakespeare. Por seu lado,
ingleses e norte americanos acham que é obrigação do planeta entender o que
dizem, seja lá com o sotaque que entoarem. Eu, que não consigo ficar quieto, me
adianto e gentilmente lhes pergunto:
--- "Para onde vocês pretendem ir?". Elas se viraram maravilhadas e passaram a descrever coisas do arco da velha, que eu não tinha a menor condição de compreender. "Wait a moment, please, I'm not English, so, I need you to speak slow, OK?".
A partir daí descobri que elas estavam em Madri acompanhando a torcida de um clube de futebol que iria enfrentar o Real Madrid pela copa dos campeões. E queriam passear pela cidade, enquanto não chegava a hora do jogo. Eu ainda as provoquei, perguntando se tinham autorizações dos maridos, ao que elas riam e diziam que todos estavam mortos. Calculei mais de 200 anos, somadas as três idades. Conversamos um monte, elas se mostraram muito agradecidas pelas conversas e pelas minhas orientações sobre o roteiro turístico e se foram. Não sem antes trocarmos vários beijos.
De uma coisa se convenceram definitivamente: "Spanish is a loving tongue".
--- "Para onde vocês pretendem ir?". Elas se viraram maravilhadas e passaram a descrever coisas do arco da velha, que eu não tinha a menor condição de compreender. "Wait a moment, please, I'm not English, so, I need you to speak slow, OK?".
A partir daí descobri que elas estavam em Madri acompanhando a torcida de um clube de futebol que iria enfrentar o Real Madrid pela copa dos campeões. E queriam passear pela cidade, enquanto não chegava a hora do jogo. Eu ainda as provoquei, perguntando se tinham autorizações dos maridos, ao que elas riam e diziam que todos estavam mortos. Calculei mais de 200 anos, somadas as três idades. Conversamos um monte, elas se mostraram muito agradecidas pelas conversas e pelas minhas orientações sobre o roteiro turístico e se foram. Não sem antes trocarmos vários beijos.
De uma coisa se convenceram definitivamente: "Spanish is a loving tongue".
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