Durante
os dias cinzentos do inverno,
as
chuvas encharcam os quintais
e
povoam de preto os terminais de ônibus,
ruas e praças do centro da
cidade,
num imenso festival
de
guarda-chuvas apressados.
Enquanto
isso,
se
prepara o tempo da nova estação.
Com a chegada da
luminosidade no ar
e os brotos nos
arvoredos,
teremos os sinais
claros da presença
dos tempos
renovados.
Quando a natureza
desabrochar de vez nos cuidados das corujas
e dos quero-queros,
que se fecundam e
chocam
seus futuros
filhotes,
virá o tempo da nova estação.
É a renovação
periódica do compromisso
que fazem os lírios e jasmins
de inundarem o ar
com seus perfumes, delicadamente acompanhados
pela força da grama
recém revigorada
e dos frutos novos
no bananal,
que se apontam
escandalosamente
para o ar, a
seduzir rosas e gerânios.
A pele macia dos
novos frutos
destaca-se
suavemente,
quando o butiazeiro
apresenta-se
ao mundo com três
lindos cachos, coquinhos ainda verdes, anunciando o néctar,
a ser
degustado com vagar
e docemente pelas
abelhas,
ao longo deste
verão.
É nesse tempo bom
que buscamos
a leitura de um bom romance,
confortavelmente
instalados sob o olhar compreensivo do velho ipê, cujas folhas acabaram de
ceder lugar às flores em amarelo ouro, espalhando-se
pela grama verde e
formando tapete
de fina aquarela.
Bustos, costas e coxas sensuais
aos poucos
refletirão as cores
do
bronze, entre gotas salgadas
que secarão ao sol,
estendidas
na areia, entre
um e outro mergulho
nas ondas verdes
recobertas
por espumas brancas
que se sucedem.
Vamos
à praia como um bando
de
crianças, pulmões sadios
capturando
o ar limpo e fresco da manhã, distinguindo cheiros e identificando
cada
procedência,
de
acordo com as mesmas regras
que
formam dunas, restingas e mangues desde tempos imemoriais.
Veremos
casais de pássaros
se
namorando, rodopiando alegremente nos postes de luz, de onde saltam
em
duplas para as copas das árvores.
Subiremos montanhas e descansaremos,
admirando a ilha verde ao longe,
do marinho azul.
(que tem esse nome por que aqui se colocavam lampiões à gás,
para orientar o pouso dos aviões da Air France na década de 1920,
entre eles o avião de Antoine de Saint Exupery - O Pequeno Príncipe-)
Muito bom e gostoso de ouvir, já separei prá mim.
ResponderExcluirLindo, Laercio, suas flores são encantadoras.
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