O som da turquia
não é apenas o espocar de bombas e fuzis. Há uma profusão de ritmos e cantares
que não são exatamente árabes, contudo, diferentes de qualquer padrão
ocidental. Além das belezas naturais e da cultura milenar, que formam um dos
países mais belos do mundo, a música turca é sensacional, verdadeira jóia rara,
muito conhecida e admirada no norte da Europe e Estados Unidos, embora ignorada
no Brasil. Também, pudera, a Globo já colocou a música marroquina como tema de
novela, mas, do som turco nunca se ocupou, ela, nem qualquer outro meio de
comunicação brasileiro. Eu vou repassar para vocês um pequeno ensaio desse
maravilhoso som, graças ao milagre da era moderna, a Internet e o site Youtube.
Que se trata de
um país violento e agressivo, não há dúvida. O Brasil nunca teve imigrantes
turcos, no entanto, chamamos assim a todos os libaneses, palestinos e sírios
que fazem a alegria do comércio popular e antes eram os conhecidos mascates,
que correram o país de ponta a ponta e muito contribuíram para nossa integração
geográfica e cultural. Por que os chamamos de turcos? Por que seus países
originários eram dominadom pelos turcos. O Império Otomano (turco) durou de
1300 a 1922 e conquistou o oriente médio, parte da África e parte da Europa. Na
famosa ópera Nabuco, a canção Va Pensiero é um protesto contra a
ocupação turca da Itália, que na peça é disfarçada como sendo um canto dos
escravos hebreus na Babilônia. Há uma campanha entre os italianos para que este seja o hino nacional,
tamanha a importância daquele gesto de rebeldia do maestro Giuseppe Verdi. Haaa, mas que seria um dos mais belos hinos nacionais, haa, isso seria.
Soldados turcos
são famosos pela crueldade nas várias guerras em que se envolveram, a ponto dos
inimigos preferirem a morte do que caírem prisioneiros dos turcos. Recentemente, as forças armadas turcas
bombardearam uma comitiva que cruzava a fronteira do Iraque, matando dezenas de
pessoas. Eram contrabandistas, mas, o primeiro ministro deu como explicação a
seguinte lógica: "Peço desculpas, pois pensamos que eram curdos", ou
seja, bandidos seriam perdoados, mas, para cidadãos turcos em busca de sua
liberdade não há misericórdia. Assim como os curdos, os armênios também
sofreram processos de genocídio, só interrompido depois de grandes pressões
internacionais. Diz-se que que a Turquia é uma democracia e qualquer um pode
praticar a religião que queira. Foi baseado nesse pressuposto que a diplomacia
do presidente Lula se aliou a eles na defesa do Iran. Porém, todas as minorias
étnicas na turquia são proibidas de falar a própria língua, além de expressar
os valores da sua nacionalidade. Seria como proibir aos índios Guaranis o falar
guarani, ou não permitir que os índios do Xingú façam sua dança. É um
verdadeiro absurdo, mas, esta "norma"
continua em vigor há muitos séculos, embora só reforce o sentimento de exclusão
entre as minorias raciais e fomente a luta pela independência. Apesar de tanta
violência, e talvez até em razão de tanta divisão étnica interna, a Turquia
produz sons como estes:
Bulent Ortacgil, é considerado um dos
melhores compositores e músicos da Turquia. Não é muito popular e vende pouco, mas está sempre entre os músicos de maior prestígio no país. Ultimamente
dedica-se apenas à música instrumental e faz poucas apresentações por ano,
vivendo retirado na sua aldeia natal.
Aynur
Dogan é uma jovem compositora e cantora que veio ainda criança das montanhas do Curdistão em 1992. Logo o seu primeiro álbum
já foi proibido pela censura turca, argumentando tratar-se de propaganda do
Partido dos Trabalhadores do Curdistão.
Brenna MacCrimmon é uma canadense que se
apaixonou pela música turca, enquanto estudava na Universidade de Ontário.
Depois de cantar numa banda de rock turca no Canadá, mandou-se de mala e cuia
para Istanbul, onde mergulhou profundamente na cultura turca. Atua com sua própria
banda, Orkestar Keyif, cujos músicos foram escolhidos a dedo por ela própria.
Trailler do filme "Crossing the
Bridge" (Atravessando a Ponte) de 2005, grande sucesso crítico em Cannes e
comercial no mundo todo. Tornou-se um musical referência de qualidade, coisa
tão própria dos alemães, que já fizeram muita coisa boa nessa área. Não sei se
passou no Brasil. Eu o assisti no canal Telecine Cult.
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