sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

O estranho som da Turquia


O som da turquia não é apenas o espocar de bombas e fuzis. Há uma profusão de ritmos e cantares que não são exatamente árabes, contudo, diferentes de qualquer padrão ocidental. Além das belezas naturais e da cultura milenar, que formam um dos países mais belos do mundo, a música turca é sensacional, verdadeira jóia rara, muito conhecida e admirada no norte da Europe e Estados Unidos, embora ignorada no Brasil. Também, pudera, a Globo já colocou a música marroquina como tema de novela, mas, do som turco nunca se ocupou, ela, nem qualquer outro meio de comunicação brasileiro. Eu vou repassar para vocês um pequeno ensaio desse maravilhoso som, graças ao milagre da era moderna, a Internet e o site Youtube.

Que se trata de um país violento e agressivo, não há dúvida. O Brasil nunca teve imigrantes turcos, no entanto, chamamos assim a todos os libaneses, palestinos e sírios que fazem a alegria do comércio popular e antes eram os conhecidos mascates, que correram o país de ponta a ponta e muito contribuíram para nossa integração geográfica e cultural. Por que os chamamos de turcos? Por que seus países originários eram dominadom pelos turcos. O Império Otomano (turco) durou de 1300 a 1922 e conquistou o oriente médio, parte da África e parte da Europa. Na famosa ópera Nabuco, a canção Va Pensiero é um protesto contra a ocupação turca da Itália, que na peça é disfarçada como sendo um canto dos escravos hebreus na Babilônia. Há uma campanha entre os  italianos para que este seja o hino nacional, tamanha a importância daquele gesto de rebeldia do maestro Giuseppe Verdi. Haaa, mas que seria um dos mais belos hinos nacionais, haa, isso seria.


Soldados turcos são famosos pela crueldade nas várias guerras em que se envolveram, a ponto dos inimigos preferirem a morte do que caírem prisioneiros dos turcos.  Recentemente, as forças armadas turcas bombardearam uma comitiva que cruzava a fronteira do Iraque, matando dezenas de pessoas. Eram contrabandistas, mas, o primeiro ministro deu como explicação a seguinte lógica: "Peço desculpas, pois pensamos que eram curdos", ou seja, bandidos seriam perdoados, mas, para cidadãos turcos em busca de sua liberdade não há misericórdia. Assim como os curdos, os armênios também sofreram processos de genocídio, só interrompido depois de grandes pressões internacionais. Diz-se que que a Turquia é uma democracia e qualquer um pode praticar a religião que queira. Foi baseado nesse pressuposto que a diplomacia do presidente Lula se aliou a eles na defesa do Iran. Porém, todas as minorias étnicas na turquia são proibidas de falar a própria língua, além de expressar os valores da sua nacionalidade. Seria como proibir aos índios Guaranis o falar guarani, ou não permitir que os índios do Xingú façam sua dança. É um verdadeiro absurdo, mas, esta "norma" continua em vigor há muitos séculos, embora só reforce o sentimento de exclusão entre as minorias raciais e fomente a luta pela independência. Apesar de tanta violência, e talvez até em razão de tanta divisão étnica interna, a Turquia produz sons como estes:


Bulent Ortacgil, é considerado um dos melhores compositores e músicos da Turquia. Não é muito popular e vende pouco, mas está sempre entre os músicos de maior prestígio no país. Ultimamente dedica-se apenas à música instrumental e faz poucas apresentações por ano, vivendo retirado na sua aldeia natal.


Aynur Dogan é uma jovem compositora e cantora que veio ainda criança das montanhas do  Curdistão em 1992. Logo o seu primeiro álbum já foi proibido pela censura turca, argumentando tratar-se de propaganda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão.


Brenna MacCrimmon é uma canadense que se apaixonou pela música turca, enquanto estudava na Universidade de Ontário. Depois de cantar numa banda de rock turca no Canadá, mandou-se de mala e cuia para Istanbul, onde mergulhou profundamente na cultura turca. Atua com sua própria banda, Orkestar Keyif, cujos músicos foram escolhidos a dedo por ela própria.


Trailler do filme "Crossing the Bridge" (Atravessando a Ponte) de 2005, grande sucesso crítico em Cannes e comercial no mundo todo. Tornou-se um musical referência de qualidade, coisa tão própria dos alemães, que já fizeram muita coisa boa nessa área. Não sei se passou no Brasil. Eu o assisti no canal Telecine Cult. 

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