O nome lhe foi dado em 1573 como homenagem à cidade homônima da Andaluzia, de onde vinha o aventureiro Jerônimo Luiz de Cabrera, que buscava duas coisas: a lendária cidade perdida de El Dorado, feita toda de ouro, e uma saída ao oceano Atlântico, provavelmente para escoar o precioso metal bem longe dos olhares cobiçosos da corte espanhola, cuja representaçao formal, naqueles tempos, estava toda voltada para a costa do Pacífico. Cabrera logo foi decapitado pelo vice-rei do Peru, pois andou cometendo outras traquinagens por lá e náo obedecia as ordens imperiais, mas, a cidade prosperou e logo constituiu-se em centro de atraçao para outros imigrantes espanhóis, em busca de melhoria de vida e progresso no novo mundo que se construía. Antes de 1600 já estavam aqui várias ordens religiosas, o que foi fundamental na estabilizaçao da colônia, através de seus colégios, mosteiros e estâncias produtivas.
A
primeira universidade do cone sul foi implantada aqui em 1609, católica,
evidentemente, que atendia as necessidades de manter a qualidade européia na
formação dos líderes da Igreja e da Sociedade. Os estudantes vinham desde o sul
do Peru aos confins da Patagônia.
Devido a sua estratégica localização, Córdoba foi por muitos séculos fornecedora de mulas e suprimentos para a exploração de ouro e prata nos altiplanos andinos, assim como para a produção de gado e cereais nos pampas, mais ao interior do continente. Recentemente ficamos sabendo pelo Globo Rural, numa série de reportagens sobre o Caminho das Tropas, que daqui também partiram as matrizes para a produção das mulas que sustentaram a integração comercial no sul do Brasil, na rota que ia de Viamão a Sorocaba.
Devido a sua estratégica localização, Córdoba foi por muitos séculos fornecedora de mulas e suprimentos para a exploração de ouro e prata nos altiplanos andinos, assim como para a produção de gado e cereais nos pampas, mais ao interior do continente. Recentemente ficamos sabendo pelo Globo Rural, numa série de reportagens sobre o Caminho das Tropas, que daqui também partiram as matrizes para a produção das mulas que sustentaram a integração comercial no sul do Brasil, na rota que ia de Viamão a Sorocaba.
Por
estes dias tem feito um calor de lascar. Lugares andinos, onde nunca faz calor
exagerado, tiveram temperatura de 33 graus, como em Bariloche, o que alguns
acham ser evidência do aquecimento global. Em Córdoba tem feito 40 graus. Tudo
bem, eu já enfrentei isto em Manaus, só que tem uma grande diferença: a secura
do ar aqui é tanta que parece clima de deserto. E tudo está organizado para os
dias de inverno, que são rigorosos. Todas as casas têm aquecimento a gás, os
misturadores de água captam ¾ de àgua quente, todas as instalações são cheias
de cortinas, tapetes, portas e janelas cerradas, prevendo o frio e, de repente,
somos atacados por um siroco. Ontem fui
conhecer a estância jesuítica de Alta Gracia, que fica um pouco mais alto que
Córdoba, uns mil metros de altitude, e
quase entrei em colapso. Acabei desistindo do passeio na metade e pedi para
voltar pra casa, o que muito decepcionou minha companheira argentina, mas, teria ficado ainda pior
se tivesse continuado naquele forno.
Quando fomos almoçar, escolhi um lugar
chamado El Sabrosón (O Gostosão), que fica ao lado de uma fonte. O calor era
tanto que resolvi entrar com meu par de jojotas, para ficar mais à vontade.
Aprendi a ter sempre um par de jojotas no carro. São uma delícia, como o próprio nome prenuncia (ou pronuncia?). Creio que não há nada mais argentino do que uma boa jojota, ainda mais as cordobezas, que são confortáveis e prazeirosas, tal qual uma boa chacarera. Em tempo, antes de ser deletado: jojota é o nome local para "sandália havaiana".
Eu e Marcela Castellano em Alta Gracia, antiga sede dos Jesuítas.
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Córdoba
tem grande identificação com Curitiba e ambas cidades se parecem um pouco, cada
uma à sua maneira. O sistema viário aqui é igualmente bem planejado e adaptado
aos tempos modernos, com prioridade para o transporte coletivo. A cidade também
possui grandes avenidas e parques, mas, ao contrário de Curitiba, onde a mata
Atlântica é úmida e exuberante, a vegetação daqui é típica dos montes secos e
rochosos, como num ensaio para as planuras andinas, apesar de que estamos bem
longe delas. As árvores são totalmente
estranhas para nós, tais como plátanos, sauces, variados tipos enormes de pinhos, etc. Os bairros mais chiques têm as ruas enfeitadas de frondosas
árvores, onde se destaca o Jacarandá, nesta época do ano totalmente tomados de
flores vermelhas, uns, e lilás, outros.
A
identificação de Córdoba com Curitiba vai além do aspecto urbanístico, tanto
que o ex-governador do Paraná e atual senador não sai daqui. Dizem as más línguas que são
interesses que vão além do político-institucional, passando por algumas
quebradas noturnas. Alguns blogs irresponsáveis de Curitiba chegaram a
especular que nosso ex-governador tem uma assessora cordobeza, que lhe estaria virando
a cabeça na direção de quebradas ainda mais perigosas. Disso não trato, pois
não me associo a estes que vivem maldizendo e criando fofocas sobre a vida
privada de nossos líderes.
Ainda mais agora, quando el morocho Roberto Requião, assim como outros de nossos espertos guias, foram reconduzidos pelo sábio povo brasileiro para mais quatro anos no clube Que-Maravilha-Viver, quero dizer, à honorável missão de cuidar dos negócios da Pátria-Amada-Salve-Salve.
Ainda mais agora, quando el morocho Roberto Requião, assim como outros de nossos espertos guias, foram reconduzidos pelo sábio povo brasileiro para mais quatro anos no clube Que-Maravilha-Viver, quero dizer, à honorável missão de cuidar dos negócios da Pátria-Amada-Salve-Salve.
Falemos
de coisas mais úteis e importantes. Agora,
que já estou na terceira semana de Argentina, dá para estabelecer comparações e
tirar algumas conclusões. O que me chamou a atenção foi o alto custo de alimentação
para a classe média, bem maior que o do Brasil. Não há feirão nem sacolão, é
tudo nos supermercados ou nas tiendas (mercearias) de bairro. Também não existe comida a
quilo, exceto o tipo rotisserie, para levar. O cidadão tem que escolher um prato
do menu e este lhe é servido individualmente, o que pode demorar até uma hora
de espera, com garçons enfatiotados lhe tratando como cavalheiro de fina
estampa, mesmo nos lugares mais sórdidos. Nada da nossa simplicidade
brasileira, aquele variado buffet na hora do almoço. Por isso, grande parte das
pessoas preferem almoçar sanduíches, no que fazem muito bem pois eles são
ótimos e baratos, variando entre 2 pesos um refrigerante + três medias-lunas. Uma cerveja + duas empanadas sai por 5 pesos e até 10 pesos uma baguete com filé
migñon (bife de chorizo) ou lomo (contra-filé).
A próxima pernada vai ser longa: 1500 km até Junin de
Los Andes. Espero pelo menos me livrar deste clima doido de seco, que nos deixa
o nariz sangrando e a garganta ressecada. Ainda bem que a cerveja é vendida em litros (3
pesos, gelada). Tin-Tin, salud !
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