Foto minha da Serra da Canastra. À poucos metros dali, nasce o Rio São Francisco.
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Não é fácil escrever sobre
o Grande Sertão. Ele não é facilmente acessível. Existe uma coisa que é a terra
em si mesma, pobre e triste. Não dá muita alegria entrar por estradas
poeirentas, povoados sem graça, aquela vida de interior, sem TV a cabo, sem
Internet, sem lavanderias automáticas, sem ar refrigerado, sem companhia para
analisar a conjuntura econômico-política enquanto se bebe um whisky de
qualidade. Aqui não há nada. A primeira camada do grande
sertão, a que está mais aparente, se
mostra com todos os seus defeitos e incompletudes.
Não penses que vais ouvir
uma viola e um cello afinados como o da música que se houve nas capitais. Não penses que essa música foi produzida num desses cantões do
sertão, sem eira nem beira. É óbvio que a gravação foi feita em Belo Horizonte,
com músicos treinados no Palácio das Artes, maestros e compositores passados nas escolas de São Paulo, Rio, Paris e Nova Yorque. Não penses que terás acesso imediato ao
fantástico mundo dos contos de Guimarães Rosa e aos sonhos da meia noite.
Pra encontrar o sertão é preciso ir bem mais longe. Não será na primeira camada que vais achá-lo. É preciso antes perder-se de si mesmo. É preciso deixar sua alma viajar em madrugadas silenciosas, quando somente o cio dos felinos alimenta a noite de sonidos. Aos poucos você vai se afastando da realidade nua e crua, distanciando-se do trivial e do bruto, para galgar espaços mais rarefeitos, onde o sonho possa transmutar a realidade pelo mundo da fantasia.
Quando tiveres atingido o
ponto de não mais te importar com o que se passa ao teu lado, então terá
chegado o momento de adentrar ao grande sertão. Vá sozinho e, de princípio, não ligue
tanto para as gentes. O mais certo é prestar atenção nos bichos: cavalos,
jegues, bois e vacas, que são os mais comuns. Se der a sorte de encontrar um
animal em estado selvagem, será como tirar a sorte grande no prêmio principal
da essência vital.
Pra encontrar o sertão é preciso ir bem mais longe. Não será na primeira camada que vais achá-lo. É preciso antes perder-se de si mesmo. É preciso deixar sua alma viajar em madrugadas silenciosas, quando somente o cio dos felinos alimenta a noite de sonidos. Aos poucos você vai se afastando da realidade nua e crua, distanciando-se do trivial e do bruto, para galgar espaços mais rarefeitos, onde o sonho possa transmutar a realidade pelo mundo da fantasia.
Por do sol no Grande Sertão. Veredas da Alma.
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Quanto mais nos
permitirmos chegar perto da natureza dos seres do sertão, sua fauna e flora,
mais perto estaremos de compreender as veredas. Quanto mais percebermos a
presença metafísica do sertão, mais ele se estará introduzindo em nossa alma, a
ponto de nos transformar em pedra para falarmos com as pedras, em bicho para
falarmos com os bichos, em terra, ar, fogo e água para falarmos com a Mãe
Natureza e em humanos, como nós mesmos, para falarmos com o
Absoluto.
Bom dia!! Realmente não tem companhia melhor que a mãe natureza, que dá forças, energias e alívio no corpo e na alma!!
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