terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Grande Sertão. Veredas.







É desse jeito que o personagem Riobaldo, já velho, cansado e há muito tempo afastado da jagunçagem,  conta a um estranho e emudecido visitante, freudianamente nunca identificado, as suas aventuras e desventuras vividas nas terras que vão de Januária, onde nasceu, na beira do Rio São Francisco, em direção aos cerrados goianos e baianos que formam os cenários do romance "Grande Sertão. Veredas". Esta obra é considerada entre os cem mais importantes romances da literatura universal, numa lista organizada pela insuspeita academia da Noruega, que escolhe os prêmios Nobel de literatura .  O livro é tão desafiador e misterioso quanto o território. A princípio, o leitor é levado a acreditar na veracidade da história contada por Riobaldo, que, mesmo entre idas e vindas no tempo e no espaço, vai aos poucos formando um fio condutor que prende o leitor no papel de testemunha dos enredos  nas estórias.







A própria linguagem é um tremendo desafio para o leitor comum, por isso o livro nunca foi grande sucesso comercial, embora considerado obra prima nos meios acadêmicos. Ainda hoje o território do Grande Sertão continua não menos fantástico, onde acontecem coisas do arco da velha. O principal acesso se dá pela cidadezinha de São Romão, onde fiquei alguns dias, poucos para a quantidade de gafes que cometi. Logo na primeira noite, fiz ver ao porteiro do pequeno e simples hotel, minha preocupação com a segurança do carro, estacionado na rua. O experiente sertanejo me ouviu  com    toda  humildade e respondeu que ele estaria olhando o carro durante a noite, mas, "se mesmo assim alguém "me lograr e conseguir roubar o seu carro, moço,  só se for para passear com as vacas e os jumentos, por que que a balsa do São Chico só vai entrar em serviço pelo amanhecer e a balsa do Rio Urucuia está quebrada. Fugir por onde?  "Aqui nós estamos condenados à honestidade, se preocupe não".






Contar é muito dificultoso. O que falei foi exato? Foi.  
Mas teria sido?  Agora, até acho que nem não”

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