Nobres
famílias espanholas são atacadas por tribos
de índios violentos e cruéis, vindos de
longe, talvez de San Antonio de los Cobres, na chapada andina nevada. Eles
vêm em busca de mulheres e guerreiros valentes. Delas eles querem os prazeres
sexuais e trabalho escravo. A única coisa de valor nos guerreiros é o
coração, retirado vivo dentro do peito pulsante, como ensinavam os
ancestrais pajés Incas. O ritual, que para cristãos e judeus ocidentais seria satânico, para aqueles ancestrais guerreiros era a forma de capturarem os valores que julgavam essenciais
para si mesmos: coragem e força. No
território hostil, aqui e acolá, erguem-se as propriedades rurais dos espanhóis, casarões que sediam as haciendas coloniais, onde índios amigos e peões
mestiços armam as primeiras defesas, enquanto disparam mensagens aos vizinhos e ao quartel
general espanhol, em caso de ataque índio.
Do
centro da serena Villa de Cafayate saem, então, as colunas de soldados que em
breve soarão as trombetas do combate e as armas de fogo, acordes que farão os guerreiros
invasores partirem em desabalada fuga na direção do deserto. Só falta aparecerem
o Sargento Garcia e o Zorro, para completar o cenário mexicano de Los Angeles,
1800. Mas, não. Aqui não há espaço para
a fantasia, pois na província de Salta a constante ebulição guerreira é
verdadeira. Agora mesmo, neste velho início de século 1800, os combates se darão
entre as forças da revolução republicana Argentina, à frente o general
correntino San Martin, o tucumano Belgrano e o saltenho Guemes, três heróis
nacionais que lutarão trinta anos contra as forças espanholas.
A cavalaria napoleônica, que agora comanda a Espanha, é que vai dar o tom da nova estratégia de guerra dos espanhóis
colonialistas. Mas, deixemos que o General Guemes lhes ensine com quantos paus se
faz uma canoa de atravessar os rios caudalosos do degelo andino. Quando menos esperam, os bem
preparados espanhóis são apanhados na guerrilha inovadora e implacável.
As condições econômicas precárias do exército popular não lhe permite fazer prisioneiros e os apavorados espanhóis se retiram, cada vez mais pra longe, talvez para a direção de Jujui, além das Quebradas de Humahuaca, no tempo em que ainda não havia sido inventada a canção “Carnavalito, el Humahuaqueño”, até serem finalmente derrotados. Porém, e sempre tem um porém, não sem antes que uma de suas balas de aço se aloje nas costas do nosso general mestiço, no combate que se deu onde hoje está a Avenida Balcarce, em Salta capital, local onde a população se diverte e celebra a vida, em torno das dezenas de penhas que abrigam os poetas e artistas do folclore saltenho. O General Guemes ainda cavalgou três dias fugindo do inimigo, até a localidade Quebrada de La Orqueta, onde finalmente acampa com os seus, pressentindo a morte. Ali ele manda assar seu último churrasco gordo de gaúcho e morre como um autêntico índio velho, tchê.
As condições econômicas precárias do exército popular não lhe permite fazer prisioneiros e os apavorados espanhóis se retiram, cada vez mais pra longe, talvez para a direção de Jujui, além das Quebradas de Humahuaca, no tempo em que ainda não havia sido inventada a canção “Carnavalito, el Humahuaqueño”, até serem finalmente derrotados. Porém, e sempre tem um porém, não sem antes que uma de suas balas de aço se aloje nas costas do nosso general mestiço, no combate que se deu onde hoje está a Avenida Balcarce, em Salta capital, local onde a população se diverte e celebra a vida, em torno das dezenas de penhas que abrigam os poetas e artistas do folclore saltenho. O General Guemes ainda cavalgou três dias fugindo do inimigo, até a localidade Quebrada de La Orqueta, onde finalmente acampa com os seus, pressentindo a morte. Ali ele manda assar seu último churrasco gordo de gaúcho e morre como um autêntico índio velho, tchê.
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